O presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, Rubens Menin, afirmou ser necessário trabalhar em prol da melhoria do ambiente de negócio da indústria, especialmente a da construção. “Não podemos ter um país desenvolvido sem uma indústria forte. E alguns pontos são extremamente relevantes e demandam nossa atenção, especialmente neste momento”, afirmou. “O primeiro deles se relaciona à burocracia do Brasil, que sem dúvida nenhuma é um dos maiores empecilhos que temos para o desenvolvimento do setor da construção”.
Outro ponto abordado pelo presidente do Consic, durante reunião com conselheiros, foi o custo do capital. A taxa de juros reais elevadíssima atrapalha de modo significativo a cadeia produtiva e diminui a margem para crescimento. “Não conseguimos pagar esse custo e a nossa indústria [da construção] sofre muito mais com os juros altos”, disse Menin.
A fim de avaliar o potencial ganho com o fim da burocracia na construção, a Fiesp encomendou um estudo que está sendo elaborado pela Deloitte Brasil. “A mensuração do custo da burocracia é importante para entender seus impactos sobre a atividade”, explicou o economista-chefe da empresa, Giovanni Banchetti Cordeiro, que está coordenando uma série de entrevistas com o objetivo de identificar os principais desafios burocráticos em projetos de construção.
Mapear os fatores burocráticos que impactam o tempo de execução de projetos, bem como seus ciclos de execução, vai proporcionar insumos para o governo e para o setor público em geral. “Assim será possível repensar ou trazer para o debate a questão da Reforma Administrativa, que sem dúvida é um dos objetivos do relatório final, o qual pretendemos terminar no primeiro trimestre”, previu Cordeiro.
Sobre o financiamento do setor, o Consic ouviu o diretor da área de renda fixa do Itaú BBA, Thiago Munhoz. Segundo ele, o mercado doméstico é capaz de absorver volumes consideráveis de recursos com diversos produtos de renda fixa. “Hoje temos vários instrumentos incentivados, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as debêntures incentivadas, que podem ser usados com lastro direto do emissor”, explicou. Aspectos como o projeto e o nível de governança, por exemplo, determinarão o melhor instrumento para financiar a empresa.
Atualmente, de acordo com Munhoz, o mercado de capitais tem basicamente quatro tipos de clientes com perfis bastante diferentes: os balanços bancários, as assets, fundações e os private banks, com pessoas físicas. Apesar dos impactos da pandemia, o mercado de renda fixa voltou a crescer. No Itaú BBA, saiu de R$ 10 bilhões de volume total distribuído em 2020 para mais de R$ 32 bilhões neste ano.
Munhoz arrematou sua exposição dizendo que o mercado de títulos isentos para pessoas físicas, como é o de incentivados, oferece condições atrativas de captação aos emissores que conseguem acessá-lo. “A entrada no mercado de capitais é um processo. Não é um bicho de sete cabeças e todos os principais bancos do Brasil tem equipes especializadas para ajudar empresas que desejam buscar essa forma de financiamento”.
Matéria publicada no Observatório da Construção/FIESP