Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Digitalização dos canteiros de obras traz economia de tempo e dinheiro

Em 2021, a consultoria americana McKinsey & Company publicou um estudo afirmando que o setor da construção civil ainda é um dos menos digitais, ficando atrás somente dos setores de agricultura e caça. Esta mesma pesquisa aponta que enquanto a produtividade da economia total cresce 2,7% ao ano, a da construção civil aumenta apenas 1% – mesmo sendo responsável por 13% do PIB mundial.
De acordo com esse mesmo estudo, a produtividade da construção diminuiu em alguns mercados desde a década de 1990. Ao mesmo tempo, os retornos financeiros para os empreiteiros costumam ser relativamente baixos — e voláteis. 
Antes de mais nada, é importante entender que no setor de construção os desafios vêm da base. O planejamento das obras ainda é muito feito no papel. Ainda, vale atentar para o fato de que os gastos com pesquisa e desenvolvimento no setor correspondem a menos de 1% das receitas, contra 3,5 a 4,5% para os setores automotivo e aeroespacial, segundo este estudo. Por fim, a escassez de mão de obra qualificada também é outro fator que impacta na digitalização.
Por outro lado, um grande incentivo para os players globais é que, segundo o McKinsey Global Institute, há uma estimativa de que o mundo precisará gastar US$ 57 trilhões em infraestrutura até 2030 para acompanhar o crescimento do PIB global. Outro grande estímulo para investimento em tecnologia no setor é a demanda por construções ambientalmente sensíveis.


Benefícios de se trabalhar com o digital: soluções e inovações
Ainda segundo o estudo da McKinsey & Company, é possível observar alguns pontos principais onde a digitalização do canteiro de obra pode trazer benefícios:


Levantamento e geolocalização de alta definição: 
Um dos grandes desafios das obras são as discrepâncias entre as condições do solo e as estimativas iniciais do levantamento que podem causar mudanças dispendiosas de última hora no escopo e no design do projeto. Com técnicas que combinam fotografia de alta definição, varredura a laser 3D e sistemas de informações geográficas, é possível ter uma melhor precisão geológica sobre a área. Trata-se de uma economia de tempo e dinheiro na obra. 


Modelagem de informações de construção em 5D de última geração
Acima de tudo, a indústria de construção tem um desafio: ter uma plataforma que integre e sincronize diferentes aspectos – planejamento, projeto, construção, operações e manutenção. O ideal seria ter algo que mostre em tempo real o projeto, custo e cronograma.
Uma das possibilidades levantadas pela McKinsey & Company é o BIM 5D de última geração. Uma de suas principais vantagens é o fato de representar em cinco dimensões das características físicas e funcionais de qualquer projeto. Nele, é possível encontrar o custo e o cronograma de um projeto, além dos parâmetros padrão de design espacial em 3D. Além disso, os profissionais também podem incluir informações de geometria, especificações, estética, propriedades térmicas e acústicas. Outra grande vantagem é a possibilidade de identificar, analisar e registrar mudanças no cronograma e custos de um projeto. Por fim, com esta ferramenta, dá para identificar possíveis riscos e tomar melhores decisões.


Colaboração digital em tempo real
Uma característica muito forte do setor de construção é a dependência do papel – seja com relação às plantas, desenhos de projeto, compras e pedidos da cadeia de suprimentos, registros de equipamentos, relatórios diários de progresso ou listas de pendências. Nesse sentido, a digitalização poderia permitir mais transparência e colaboração, já que seria possível o compartilhamento universal de informações em tempo real – o que dá mais agilidade ao trabalho também. 
Ao digitalizar esses processos – os ganhos são imensos. A McKinsey & Company cita o caso de uma obra americana de construção de um túnel. Com o desafio de integrar quase 600 fornecedores, a empreiteira criou uma plataforma para licitações e gerenciamento de contratos. Como resultado, eles tiveram uma economia de mais de 20 horas de trabalho por semana, além de acelerar o compartilhamento de documentos em 90% e diminuir o tempo para geração de relatórios em 75%.


Tirando proveito da internet das coisas
Em residências e em veículos, a internet das coisas já é uma realidade. Esta tecnologia nada mais é que ter objetos conectados à internet. Na automação de uma casa, por exemplo, é possível usar um assistente virtual para acender uma luz ou ligar um eletrodoméstico. O mesmo recurso poderia ser útil em um canteiro de obras. Dentro dessa ideia, máquinas, equipamentos, materiais, estruturas e até formas de construção poderiam comunicar-se com uma central de dados. Segundo McKinsey & Company, isso traria alguns benefícios importantes como monitoramento e reparo de equipamentos, gestão de estoque e pedidos, avaliação de qualidade, mensuração da eficiência energética e segurança.


Novos materiais 
A tecnologia relacionada a novos produtos presentes no mercado pode representar um avanço em termos de custo e tempo de obra. Neste quesito, entram materiais como impressão 3D e módulos pré-montados. Além disso, McKinsey & Company aponta também que há uma tendência de construção verde, com uso de materiais e tecnologias com menor pegada de carbono. Ainda, a tecnologia pode auxiliar na agilidade e diminuição da cadeia de suprimentos, uma vez que o transporte de materiais e equipamentos pesados impacta nos custos. Nesse sentido, os nanomateriais poderiam ser uma boa solução.
Matéria publicada no Massa Cinzenta

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