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Estudo da CVM mostra maior demanda por informações ESG

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mostra, em estudo, que os investidores brasileiros têm mais demanda por informações ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla inglês, ou ASG). Dos entrevistados, 93,9% disseram ter algum tipo de conhecimento sobre a pauta social e ambiental. A autarquia trabalha para exigir dados em 2023. O estudo completo pode ser acessado aqui.
 
O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) realizou o documento em parceria com a CVM com o comparativo internacional. Mais de 260 pessoas responderam as perguntas feitas pela Comissão de Valores Mobiliários.
 
Por enquanto, os reguladores dos mercados de capitais não adotaram padrões no mundo para que essas informações sejam repassadas aos investidores. A comissão do Brasil disse que a tendência global é a ampliação da transparência das empresas com as pautas da agenda ESG.
 
“A regra já está posta, na rua, e a gente vai ter um conjunto de informações ASG disponível para o mercado no início de 2023”, disse Bruno Barbosa de Luna, chefe da Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos da CVM.
 
Outra grande preocupação dos reguladores é em relação ao greenwashing, que é a prática de utilizar a pauta de sustentabilidade para obter benefícios, sejam financeiros ou de imagem. Por exemplo, um fundo de investimento se autodenominar “verde” sem ter as características para tal.
 
“Os reguladores estão preocupados em ampliar a transparência e com a questão educacional“, afirmou Bruno.
 
EUROPA NA VANGUARDA
 
O relatório disse que a União Europeia busca exercer um papel de liderança internacional no tema de sustentabilidade e agenda ESG. Em junho de 2020, ¾ de todos os fundos sustentáveis de investimentos passivos estavam na Europa.
 
A CVM disse que as medidas adotadas no Brasil seguem alinhadas às iniciativas observadas no mundo, mesmo que com “graus de profundidade distintos”.
 
O Poder360 já mostrou que a CVM deu os primeiros passos para exigir dados climáticos das empresas de capital aberto. Audiência pública tratou sobre o tema em 2021 e resultou numa resolução que prevê mudanças em 2023, mas ainda é difícil delimitar a padronização de informações a serem fornecidas ao mercado.
 
A autarquia segue o caminho dos Estados Unidos. A SEC (Securities and Exchange Commission), a CVM dos EUA, disse que passará a exigir informações detalhadas sobre a poluição por gases de efeito estufa.
 
Ainda falta padronização nas informações de ESG divulgadas no mundo. Há uma discussão global para estabelecer os critérios de quais dados terão peso, além das nuances para os setores da economia.
 
“Atualmente, não há nenhuma regra de fato. […] O que tem atualmente no âmbito internacional são propostas, nos principais mercado, de ampliação da transparência de informações ASG que estão ou em audiência pública ou em fase de análise”, disse Bruno, da CVM.
 
DINHEIRO PARA A SUSTENTABILIDADE
 
Relatório GRIS 2020 disse que houve crescimento expressivo no volume financeiro dos investimentos sustentáveis no mundo. Atingiu US$ 35,3 bilhões nos 5 principais mercados –Austrália, Canadá, Europa, Estados Unidos e Japão. O volume representa 36% dos ativos financeiros globais.
 
Segundo o relatório, o crescimento na demanda por negócios ESG se deve:
 
•    ao desejo de maior transparência nos negócios;
•    à preocupação com questões climáticas e biodiversidade;
•    ao desejo de promover uma sociedade mais justa com inclusão social e respeito aos direitos humanos.

Segundo o relatório, houve aumento de 55% de 2016 a 2020 no volume financeiro dos investimentos sustentáveis no mundo. O movimento é motivado porque os riscos não-financeiros são cada vez mais considerados por investidores. “Isso se deve, de acordo com o relatório da IOSCO (International Organization of Securities Commissions), ao aumento da percepção global dos impactos econômicos e financeiros dos riscos ambientais, sociais e de governança”, declarou o relatório.
 
A pesquisa da CVM disse que as gerações mais jovens são mais sensíveis às causas climáticas e sociais.
 
“Pesquisa realizada pelo Morgan Stanley, pessoas com menos de 35 anos tem probabilidade duas vezes maior de vender papeis se perceberem que o comportamento da empresa emissora é social ou ambientalmente inapropriado. De acordo com a Forbes, a partir de dados do UBS Investor Watch, quase dois terços dos millennials americanos demonstraram interesse em investimentos ASG”, disse.
 
A PESQUISA
 
A pesquisa disse que 93,9% dos investidores têm algum tipo de conhecimento sobre os critérios ESG. Destes, 41% indicaram ter conhecimento “profundo”. Outros 6,1% têm conhecimento razoável.
 
Uma fatia de 64% dos entrevistados respondeu que leva em consideração os critérios ESG na escolha dos seus investimentos. O restante (36%) justificou que há falta de confiança nas informações divulgadas pelas empresa (39,3%), dificuldade para obter informações (39,3%), não considera relevante dentro da estratégia de investimento (36%) ou há falta de entendimento a respeito do impacto financeiro dos critérios ESG sobre o mercado (33,7%).
 
De acordo com os participantes, a principal abordagem utilizada na escolha de investimentos ESG é a ambiental (84,8%), em seguida Governança (76,6%) e Social (75,9%).
 
METODOLOGIA
 
A CVM fez um questionário eletrônico disponibilizado no site da autarquia e nas redes sociais, de 16 de novembro a 10 de dezembro de 2021. Foram 263 respostas. Desse público 58% eram homens, 41% mulheres e 1% não se identificaram com nenhum dos gêneros. Saiba outros detalhes:
 
Faixa etária
de 36 a 45 anos (37%);
de 25 a 35 anos (26%)
de 46 a 55 anos (18%).

Região
Sudeste: 80%;
Centro-Oeste (7,2%);
Sul (6,8%);
Nordeste (5,3%);
exterior (0,8%).

Escolaridade
ensino superior completo (94%);
superior incompleto (5%);
ensino médio completo (1%).

Tempo de investimento
mais de 10 anos (37%);
de 2 a 5 anos (24%);
de 5 a 10 anos (19%);
até 2 anos (14%);
não soube dizer (6%).

Perfil de investimento
moderado (48%);
arrojado (30%);
conservador (19%);
não soube dizer (3%).

Matéria publicada na Abrainc  

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