Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

GCCA destaca importância do CCUS para redução de emissões de CO2


A indústria do cimento e concreto está diante de um desafio crucial: atingir a neutralidade de emissões de carbono. Durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento, Thomas Guillot, chefe executivo da Global Cement And Concrete Association (GCCA), falou sobre iniciativas realizadas ao redor do mundo para alcançar a neutralidade climática.

De acordo com o estudo GNR 2.0 – GCCA in Numbers, mostram uma redução de 23% nas emissões de CO2 por tonelada de material cimentício desde 1990. Por outro lado, a proporção de combustíveis alternativos utilizados é 10 vezes maior do que em 1990. A eficiência energética melhorou em 19%.

Iniciativas para reduzir as emissões

Apesar da redução, ainda há muito a ser feito. De acordo com Guillot, as ações dos membros da GCCA estão impulsionando progressos decisivos na missão da indústria de descarbonizar completamente. No último ano, uma série de ações, projetos e investimentos estão em andamento:

•    Cement Breakthrough: É uma plataforma colaborativa de países que se comprometem a trabalhar juntos para transformar a agenda política, tornando as tecnologias limpas e soluções sustentáveis para a opção mais acessível e atraente em cada setor emissivo globalmente até 2030. Será lançado durante a COP 28;
•    Colaboração internacional entre setores público e privado: a GCCA tem duas iniciativas neste sentido. A primeira delas é GCCA – CEM CCUS Collaboration declaration (Pittsburgh 2022), para ajudar no avanço da Captura e Armazenamento de Carbono (CCUS) no setor de cimento. E a outra é Going forward: GCCA – GCCSI – CEM CCUS collaboration on India 2023-2024, que analisa detalhadamente os possíveis centros de captura e armazenamento de carbono (CCUS) na indústria de cimento na Índia;
•    Oportunidades de Financiamento: GCCA estabelece relações sólidas com bancos de desenvolvimento, como o ADB, Banco Mundial e IFC. Além disso, monitora oportunidades de subsídios;
•    Plataformas para discutir inovação: A primeira é a Global Research Network, onde 75 PhDs trabalham em questões essenciais de inovação. Há também a Open Challenge, uma plataforma de discussões para envolver startups. 

Para a GCCA, as prioridades do momento são: desenvolver roadmaps locais do cimento e do concreto, alavancar parcerias e iniciativas internacionais para avançar no diálogo político local, identificar e aproveitar o suporte financeiro para projetos. 

Envolvimento de toda a cadeia

Desde 2019, o GCCA passou a encarar a redução de emissões como uma discussão abrangente, que envolve toda a cadeia de construção. “Esta é uma discussão muito importante porque frequentemente colocamos a carga apenas sobre o cimento, mas é uma para toda a cadeia. Pessoas externas que observam nossa indústria fazem julgamentos, têm um pré-conceito. Mas precisamos fazer com que a metodologia do nosso setor seja compreendida”, explica Guillot. 

O chefe executivo da GCCA também ressalta a importância de compreender a pedagogia e a realidade da escalabilidade de certas opções. “Falam muito em substituição do concreto pela madeira. No entanto, é importante analisar a seriedade dessas propostas, defendendo o setor e explicando a pedagogia por trás da viabilidade e escalabilidade dessas opções”, afirma.

Guillot também ressalta que é importante trazer a discussão sobre as formas de construção e uso de novas tecnologias. “Se olharmos para um canteiro de obras no início do século XIX e no final do século XX, pouco mudou. Então, precisamos ter uma discussão com as empresas de construção: estão prontas para implementar essas novas tecnologias (a pré-fabricação, por exemplo)?”, pondera Guillot. 

Desafios da Captura de Carbono e Políticas de Transformação

O GCCA destaca a importância do Carbon Capture, Utilization, and Storage (CCUS) como uma tecnologia essencial para setores difíceis de abater. Embora promissora, enfrenta desafios consideráveis, sendo que o custo é um dos principais. Especialmente quando se fala em países em desenvolvimento, que terão uma alta demanda por cimento nos próximos anos. No entanto, Guillot destaca que, em primeiro lugar, é preciso estabelecer um arcabouço legal sólido para avançar na segurança, compreensão da gestão do carbono, regras de armazenamento, transporte e responsabilidades.

Depois disso, vem a pergunta “quem paga?”. Guillot diz que, em um primeiro momento, as nações mais consolidadas precisam encontrar uma maneira de ajudar países em desenvolvimento, certificando-se em ajudar no progresso da tecnologia. “Na Índia, por exemplo, há 400 milhões de pessoas que acordam todas as manhãs e não sabem o que comer. Você acha que o governo investirá em CCUS? Ou você acha que o governo investirá em poder social? E esse é o dilema”, pontua.

Ainda assim, o chefe executivo da GCCA aponta que hoje existem 41 projetos de uso de CCUS, mas nem todos estão na Europa. “Alguns deles estão também em países como Índia ou Colômbia”, lembra.

Matéria publicada no Massa Cinzenta

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