O Quintas da CBIC trouxe dados inéditos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a informalidade no setor da construção, de acordo com a pesquisa PNAD Contínua. Dentre eles, que a Região Sul apresenta menor informalidade dentro do setor, enquanto as Regiões Norte e Nordeste maior informalidade.
De acordo com o IBGE, o percentual de pessoas na informalidade no Brasil é em torno de 68%, mas quando se olha para as regiões tem-se que a informalidade chega a 80% na Região Norte, 77% na Região Nordeste, 70% na Região Centro-Oeste, 65% na Região Sudeste e em torno de 50% na Região Sul. Em Santa Catarina, por exemplo, 57% das pessoas trabalham informalmente na construção. No Ceará e no Maranhão, no entanto, a informalidade é bastante alta.
Os dados foram apresentados pelo diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, que informou que o Instituto tem um mapeamento muito claro de como está a informalidade no país, por UF e região metropolitana.
“Apesar de ser vista como um aparelho amortecedor da crise, no longo prazo a informalidade não é boa para ninguém, nem para o estado e nem para a sociedade, e afeta de forma importante a vida das pessoas”, destacou, enfatizando que é preciso trabalhar e produzir políticas públicas para reduzir essa informalidade.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins ressaltou que os dados escancaram as desigualdades sociais e os efeitos colaterais da informalidade para acesso ao crédito e a pontuação da renda da população. Questionou se o IBGE tem um mapeamento da renda informal na linha da inclusão social. “A PNAD Continua tem dados sobre a renda total e de quanto a pessoa paga de aluguel. Rendimento médio do que é uma renda formal e informal”, disse Cimar Azeredo.
“Dados como esse podem impulsionar o setor a trabalhar por uma maior formalização dentro da construção civil. Assim como confirmam a percepção do setor sobre localidades com mais informalidade, mas não tinham números que pudessem comprovar”, destacou a economista Ieda Vasconcelos.
Dados da informalidade
Em 2021, a construção civil tinha uma população ocupada de 7,5 milhões de trabalhadores, 3,8 milhões informais, contra 3,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada e cerca de 319 mil empregadores na construção civil.
Em termos de distribuição da população ocupada, de acordo com a forma de inserção no setor privado, a preponderância é de empregado por conta própria. No 4º tri de 2021, os trabalhadores por conta própria representavam 52%, o trabalhador empregado 44%, e o empregador 4%, contra 53% do trabalhador por conta própria em 2020, 43% do trabalhador empregado e 5% do empregador no mesmo ano.
A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, comemorou o ineditismo dos dados desagregados para o setor da construção civil e a importância da constância de sua atualização na PNAD Contínua, que será atendido pelo IBGE na medida do possível. “A desagregação dos dados para o setor é uma ressonância de onde estão os problemas”, disse Cimar Pereira.
Vasconcelos comentou a importância dos dados. Apesar de a indústria da construção estar com 68% de informalidade, mais que a média do país em 2021, a formalidade no setor avançou de 2018 para cá, quando era de 30,3% (2018) e passou para 31,4% (2021).
“Há um crescimento da formalidade e cada vez mais isso precisa ser estimulado”, reforçou Pereira.
Matéria publicada na Agência CBIC