O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou variação de 0,85% em julho, a menor observada desde dezembro de 2020 (0,70%). Com esse resultado, o indicador acumulou alta de 10,66% nos primeiros sete meses do ano e 16,98% em 12 meses, evidenciando que o custo para se construir permanece em patamar elevado.
De acordo com a FGV, o INCC Materiais e Equipamentos aumentou 17,68% de janeiro a julho, a maior variação para o período desde que a série do indicador começou a ser divulgada, em 1996. “É necessário destacar que altas nesta proporção prejudicam o setor da construção, que vem contribuindo sistematicamente com o incremento das atividades econômicas do país”, disse a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
O aumento no custo de materiais e equipamentos também fica evidenciado no resultado acumulado em 12 meses encerrados em julho: 34,30%, a maior variação para o período desde o início da série do referido indicador.
A composição do INCC Materiais e Equipamentos aponta que no período de agosto de 2020 a julho de 2021, vários materiais registraram elevações expressivas: vergalhões e arames de aço ao carbono (76,31%), condutores elétricos (+64,26%), eletrodutos de PVC (+51,81%), tubos e conexões de PVC (+64,14%), tubos e conexões de ferro e aço (91,87%), esquadrias de alumínio (35,24%) e compensados (33,75%).
“ Apesar do custo com materiais e equipamentos registrar a menor variação desde julho/2020, ele continuou crescendo em patamar elevado e apresentou alta de 1,28% no sétimo mês do ano ”, afirmou Ieda Vasconcelos.
De acordo com a FGV, as maiores influências positivas registradas neste mês foram: elevadores (3,36%), argamassa (+4,05%) e os tubos e conexões de ferro e aço (2,02%). Os vergalhões e arames de aço ao carbono, depois de apresentarem altas acentuadas nos últimos meses, em julho ficaram relativamente estáveis (-0,07%).
“De toda forma, este insumo ainda acumula aumento expressivo. De janeiro a julho a elevação foi de 37,78% e, nos últimos 12 meses, 76,31%”, destacou Vasconcelos.
O Sinapi, que tem abrangência nacional e é calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é outro indicador de custos da construção que também demonstra que o setor continua com incremento acentuado em seus custos. Em julho, conforme o IBGE, o Sinapi aumentou 1,89%. “Apesar de o resultado ser 0,57 ponto percentual abaixo do observado em junho (2,46%), ele correspondeu a terceira maior variação observada nos primeiros sete meses de 2021. O referido indicador acumulou alta de 13,49% nos primeiros sete meses do ano”, destacou Ieda Vasconcelos.
As variações acumuladas nos últimos 12 meses, encerrados em julho de 2021, do INCC/FGV (16,98%) e do Sinapi (22,60%) mostram o incremento nos custos da construção.
A análise desagregada dos dois indicadores também demonstra o forte impacto no aumento dos custos com materiais de construção. Enquanto nos últimos 12 meses o INCC/FGV Materiais e Equipamentos cresceu 34,30%, o Sinapi aponta na mesma direção, com alta de 37,67%.
De acordo com a economista da CBIC, o aumento nos custos dos insumos continua sendo fonte de preocupação para os empresários do setor. Conforme a Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da CBIC, há quatro trimestres consecutivos este é o principal problema enfrentado pelo setor. No 2º trimestre de 2021, 55,5% dos empresários pesquisados na Sondagem Indústria da Construção apontaram que esse é o principal problema do setor. A persistir o cenário atual este também deverá ser o principal problema do 3º trimestre do ano.
“O setor da construção tem realizado esforços para manter o ritmo de suas atividades para continuar gerando emprego e renda no País. Entretanto, sem dúvidas, o aumento acentuado nos custos é um limitador que impede um avanço ainda maior em suas atividades. A alta projetada para o Produto Interno Bruto da Construção, em 2021, é de 4%. Esse percentual poderia ser ainda maior caso o setor não estivesse, desde o segundo semestre do ano passado, sofrendo influência de elevações expressivas em seus custos com materiais”, finalizou a economista da CBIC.
Matéria publicada na Agência CBIC