Associação Brasileira da Construção

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Incertezas marcam desempenho de vendas da indústria do cimento

O agravamento da pressão sobre os preços dos insumos e de matérias-primas segue impactando fortemente a indústria do cimento. As vendas do setor no mês de maio tiveram recuo de 0,9% em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em termos nominais foram comercializadas 5,5 milhões de toneladas do insumo, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
 
O conflito e as sanções impostas à Rússia acentuaram ainda mais pressão no preço das commodities, afetando principalmente o valor do petróleo, do gás e do coque no mercado global. Desta forma, a indústria nacional e principalmente do cimento está enfrentando aumentos ainda mais expressivos nos seus custos de produção.
 
No ambiente interno, o endividamento das famílias continua apresentando recorde da série histórica - atingindo 52,6% de todos os rendimentos e o desemprego teve lenta redução, atingindo 10,5% em abril com criação de 197 mil empregos formais, segundo o CAGED. No entanto, as novas posições de trabalho estão sendo ocupadas com salários menores do que antes da pandemia. Com isso, o rendimento da população caiu 7,9% no acumulado até abril.
 
Em conjunto com esse movimento, a inflação insiste em permanecer em 2 dígitos e as expectativas são de uma continuidade nos aumentos. A taxa de juros em ascensão está em 12,75%, o que deixa o financiamento habitacional ainda mais caro. Isso já reflete no número de unidades financiadas pelo SBPE que caiu, em abril, pelo segundo mês consecutivo, e nos lançamentos imobiliários que apresentaram queda de 2,6% no 1º trimestre 2022 com relação ao 1º trimestre de 2021. Essa é a primeira queda trimestral desde o 2º trimestre de 2020.
 
Diante desse cenário de instabilidade, as vendas de cimento apresentaram queda acumulada de 2,2% nos cinco primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2021, totalizando 25,6 milhões de toneladas comercializadas.
 
O volume de vendas de cimento por dia útil apresentou retração de 4,7% em relação ao mês de abril. No acumulado do ano (jan-mai), seguindo a tendência dos números absolutos, o desempenho é de queda de 3,1%.
 
Em um ano de incertezas no cenário político e econômico, nacional e internacional, os consumidores também seguem cautelosos. O índice de confiança do consumidor caiu 3,1 pontos em maio, principalmente na população de baixa renda. Apesar da melhora da pandemia e dos incentivos para aliviar a pressão financeira das famílias, a inflação e a dificuldade de obter emprego impactaram negativamente a população.
 
O índice de confiança da construção recuou 1,3 ponto em maio, corrigindo o otimismo de abril. Apesar dessa queda, o setor acredita que 2022 ainda é mais favorável que 2021. O aumento do emprego com carteira no setor reflete o ciclo de negócios de 2020 e 2021.
 
Ainda assim é fundamental que haja outros indutores de demanda por cimento, como a volta do investimento em infraestrutura e retomada de programas, como Casa Verde Amarela, que precisa ser alavancado e desempenhar seu papel para diminuir o enorme déficit habitacional existente.
 
Em um cenário de insegurança, o grande desafio do setor de cimento será assegurar os ganhos obtidos de 2019 a 2021 e avançar ainda mais na redução de sua pegada de carbono e em direção a sua neutralidade.
 
“A guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado muitas incertezas para a indústria do cimento. A forte pressão nos preços do petróleo, do gás, e do coque no mercado global tem afetado substancialmente o setor. Para minimizar os efeitos do conflito, o uso de combustíveis alternativos nunca foi tão necessário. Nesse sentido, o setor cimenteiro tem investido e ampliado fortemente o uso de tecnologias como o coprocessamento de combustíveis alternativos, para substituição do coque de petróleo, matéria prima essencial na geração de energia no processo produtivo”, disse Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

Informações detalhadas

Release enviado pela assessoria de imprensa da SNIC

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