Segundo a Organização das Nações Unidas, a fase de projeto e execução responde por 38% da emissão de gases de efeito estufa considerando as fases de execução e operação do ciclo de vida de um empreendimento. A adoção de sistemas construtivos industrializados contribui para reduzir esse impacto ao transformar o canteiro de obras em canteiro de montagem. “O controle realizado na fábrica permite menor uso de recursos naturais, de matérias-primas e de energia, por exemplo, além de contribuir para que no final do ciclo de vida, haja a possibilidade de reciclar os materiais usados em sua construção”, afirmou a engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), durante o BW Talks Sustentabilidade e Industrialização da Construção Civil, promovido no dia 21 de outubro.
A mitigação dos gases de efeito estufa é ampliado, conforme explicou Íria, quando o projeto consegue ser assertivo, integrando todas as disciplinas da obra. “Uma falta de compatibilização nesta fase prejudica as questões de sustentabilidade, porque se as definições por sistemas não forem feitas no momento em que nasce a construção, os recursos previstos podem ser insuficientes, havendo retrabalho ou adaptações que não exploram todos os benefícios da industrialização”, explicou.
O aumento da digitalização na indústria da construção incentiva a industrialização, assim como o BIM (Building Information Modeling), cuja 10ª dimensão é a industrialização. “Nesse contexto, a visão global de engenheiros e arquitetos é que ela é um ciclo aberto, ou seja, eles podem optar por um mix de sistemas construtivos industrializados, que conversam entre si; pela aplicação mista de sistemas industrializados com o convencional; ou de apenas um sistema, como o pré-fabricado de concreto. Com isso, é possível maximizar o potencial dessas soluções”, afirmou a engenheira, que acrescentou que a arquitetura contemporânea tem trabalhado esse mix otimizando o desempenho de cada material e de cada sistema.
Para Íria, as ferramentas de digitalização devem ser usadas pelo setor da construção para imprimir produtividade e sustentabilidade nas obras e, também, para ter um arcabouço de informações, que possibilitem interpretar os resultados obtidos e aprimorar o que já vem sendo feito. Um exemplo na indústria de pré-fabricado de concreto é o uso de escaneamento a laser das formas onde as peças serão concretadas, a fim de produzir elementos estruturais com desvio zero. A seu ver, essa realidade mostra que o advento da tecnologia possibilita ampliar os atuais parâmetros do setor.
Durante o evento online do Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), a presidente executiva da ABCIC comentou que, nos últimos anos, as construtoras e incorporadoras realizaram diversas iniciativas para racionalizar os processos construtivos no canteiro, imprimindo produtivo, mas chegando ao limite do que poderia ser aprimorado.
Desse modo, Íria avalia que a industrialização é o caminho mais assertivo para o mercado da construção, pois ao sair dos processos artesanal e racionalizado, ganha-se mais qualidade, agilidade na execução e segurança e em toda operação. Além do aumento da produtividade, com redução de custos e atendimento de prazos ousados, os sistemas construtivos industrializados também contribuem para a reciclagem de materiais, a destinação correta de resíduos, diminuem a interferência na comunidade local por sua rapidez e promovem um retorno mais rápido do investimento. “Isso mostra como a industrialização atende o tripé da sustentabilidade – ambiental, social e econômico”, pontuou.
O BW Talks Sustentabilidade e Industrialização da Construção Civil está disponível no site oficial do Movimento BW.
Matéria publicada no Jornal Dia Dia