“A construção civil é um importante setor, capaz de gerar emprego, renda e induzir o crescimento do país”. A avaliação é da secretária de Competitividade e Política Regulatória do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Andrea Macera, que participou da reunião plenária do Departamento da Indústria da Construção e Mineração (Deconcic) da Fiesp.
A secretária afirmou que quando se trata de aumentar a competitividade da indústria, é fundamental discutir as questões normativas e de regulamentação. A tarefa não é simples, pois o número de atores envolvidos exige mais diálogo e articulação. “Precisamos entender o ponto de vista de cada setor, incluindo a indústria, pois as normativas implicam, muitas vezes, no aumento de custo”, explicou Macera.
Melhorar o ambiente macroeconômico é uma das missões da secretária do MDIC, que entende ser uma política industrial moderna essencial para alavancar o crescimento. A estagnação da economia brasileira nas últimas décadas trouxe significativos impactos na produtividade e é verificável nas exportações brasileiras, que nunca ultrapassaram 2% da participação do comércio mundial.
Na opinião da secretária Macera, “marcos regulatórios bem elaborados e adequadamente implementados trazem mais previsibilidade, mais segurança jurídica e contribuem para reduzir os custos do setor produtivo, além de atrair novos investimentos”, observou. Atualmente, o Brasil ocupa a 49ª posição no ranking de qualidade regulatória da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Assim, a melhoria regulatória seria capaz de proporcionar a redução do Custo Brasil e aumentar a competitividade. “Quando falamos em custos, precisamos considerar os aspectos administrativos, financeiros diretos e os custos estruturais de longo prazo”, disse Macera.
A nova secretaria deverá trabalhar para disseminar boas práticas regulatórias, tanto no nível federal quanto nos entes federados. O aprimoramento do marco regulatório de infraestrutura e melhorias no planejamento de longo prazo dos investimentos também estão no radar. A fim de reduzir o Custo Brasil, Andrea propõe um programa dividido em três pilares.
“O primeiro é a adoção de um indicador de referência, a fim de mensurar o impacto desse custo e os avanços obtidos. O segundo pilar passa pelo diálogo com a sociedade, a fim de construir uma agenda colaborativa na qual sejam apontadas as dificuldades impostas pelos atos normativos em vigor, e o terceiro pilar está voltado aos eixos administrativo e financeiro”, disse Macera.
Durante sua fala, a secretária apresentou o site Monitor de Investimentos, plataforma que reúne todos os projetos de infraestrutura do Governo Federal, com informações relevantes para a indústria da construção civil.
Ao comentar os dados do setor, o diretor titular do Deconcic, Newton Cavalieri, afirmou ser perceptível uma clara tendência de retomada do nível de emprego. E de acordo com o diretor executivo do departamento, André Rebelo, a expectativa é de que o futuro seja melhor para a construção civil.
“Já vemos os custos de materiais e de mão de obra convergindo em direção ao IPCA. O choque de custos ficou no passado e o que temos agora é uma correção das distorções. O início do corte de juros é esperado para o segundo semestre e isso trará algum alento e estimulará a movimentação de crédito”, apontou o economista Rebelo.
Ele observou, entretanto, que embora o emprego esteja em expansão, os indicadores ainda estão abaixo do que foi registrado em 2013 e 2014, quando se iniciou a reversão do ciclo de crescimento.
Já os serviços especializados apresentaram retomada mais forte no Brasil, em níveis superiores aos de emprego, comparando-se como 2013, muito em função da terceirização das atividades. No mercado imobiliário houve queda dos lançamentos, mas ainda em volume elevado (maior do que 2020 e menor que 2021), e o pico de vendas se deve às promoções, que têm segurado o volume.
Rebelo chamou a atenção para o menor desembolso do BNDES para investimentos de estrutura, um tombo de 62% de 2014 para 2022, e destacou o esforço dos municípios e estados, que lideraram o investimento público.
Em São Paulo, contudo, o governo estadual mais que triplicou os investimentos. E o município registrou aumento de duas vezes e meia, puxado principalmente pelo programa de asfaltamento das ruas.
De acordo com o diretor de Operações do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP), Deni Loretti Filho, “40 mil empregos foram gerados em vagas diretas e indiretas em todo estado, devido ao investimento em rodovias vicinais e estaduais. Já temos muitas obras licitadas, de maneira que manteremos o nível de investimentos elevados em 2023”.
Matéria publicada no Observatório da Construção/FIESP