A pré-fabricação de concreto é o ramo que mais se aproxima da linha de produção no setor da construção civil. São estruturas fabricadas previamente e fora do canteiro de obras, sendo produzidas por meio da colocação de concreto em fôrmas, prometendo mais agilidade na execução dos empreendimentos.
Porém, existem características que diferem a indústria de pré-moldados da construção convencional, sendo fundamental a mitigação de riscos para garantir a segurança durante a montagem, bem como o uso adequado de EPIs.
Cuidados com manuseio e montagem
A presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), Íria Doniak, informa que as questões ligadas à logística das estruturas, fachadas ou fundações pré-fabricadas exigem treinamentos específicos e qualificação dos profissionais envolvidos. Isso demanda planejamento e mitigação de possíveis gargalos, como as situações transitórias, de transporte, armazenamento e organização dos elementos, que requerem cuidados especiais da fábrica até o manuseio e montagem nos canteiros de obras.
Conforme o planejamento, é preciso atender não apenas as exigências solicitadas durante o uso da estrutura, mas também aquelas projetadas a fim de garantir a segurança durante a montagem. “Aspectos relacionados às ligações e à estabilidade global conforme previstos na norma ABNT NBR 9062 (Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-moldado) são de fundamental importância, incluindo o requisito específico de procedimentos de montagem, que torna obrigatório o Plano de Rigging (plano de içamento de cargas)”, orienta.
Manual de orientação sobre boas práticas
Nesse contexto, a Abcic elaborou o Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto, em versão digital e impressa, no qual todas as boas práticas de montagem estão descritas, inclusive temas dedicados exclusivamente sobre segurança.
De acordo com Íria, o manual é uma ferramenta importante para as operações envolvendo a montagem das estruturas pré-fabricadas de concreto, oferecendo uma visão integrada de todo o processo, desde o planejamento, nas interfaces com a comercialização, projeto e produção das estruturas, até os princípios elementares das atividades inseridas neste processo de forma detalhada e em linguagem acessível. “O objetivo é transmitir o conhecimento não somente em atividades de capacitação das equipes, mas também ser utilizado efetivamente no dia a dia nos canteiros de obras que adotam o sistema por todos os responsáveis na montagem”, ressalta.
Em sete capítulos, o manual destaca também a montagem dos itens mais comuns das estruturas, como pilares, vigas, lajes alveolares e duplo T, telhas de concreto protendido tipo W e painéis de fachada. “Em cada caso há a descrição da rotina de montagem e de cuidados a serem tomados, bem como tabelas para avaliação de esforços gerados nas alças”, aponta Íria.
Uso de EPIs
O manual trata sobre o uso de equipamentos adequados e exigências normativas, como a NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos) e NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção). “O guia apresenta informações sobre o documento emitido pelo Comitê de Segurança da Abcic, com sugestões para serem incorporadas na revisão dessas normas regulamentadoras e salienta a importância de uma política de segurança que deve partir da direção das empresas e permear todos os participantes do processo de montagem”, observa ela.
Em relação aos EPIs, além dos equipamentos básicos aplicáveis à construção convencional, devem ser adotados os equipamentos que estejam previstos no planejamento, conforme a necessidade da obra.
Isso dependerá dos tipos de equipamentos, peças e ligações que serão utilizados e outras eventuais características de cada empreendimento. Isso sem mencionar os correlatos a outras NRs específicas, como a de trabalho em altura e atividades adicionais, como soldagem, por exemplo, que exige certificação dos profissionais. “Devemos lembrar que o ambiente fabril sempre é mais controlado do que as atividades de canteiro, mas é necessário ter cuidados específicos com as situações transitórias e a montagem”, aponta.
Matéria publicada no Massa Cinzenta