O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 0,8 ponto em março, para 92,9 pontos. A queda do mês praticamente anulou toda a alta de fevereiro. Em médias móveis trimestrais, o índice voltou a recuar desta vez, 1,3 ponto, o que configurou a terceira redução consecutiva.
Os dados são da Sondagem da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), com informações de 560 empresas, colhidas entre 3 e 24 de março. A pontuação vai de 0 a 200, denotando otimismo a partir de 100.
De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, o resultado traduz tempos difíceis: a guerra na Ucrânia reacendeu o temor de aceleração nos preços dos materiais, que associada à alta os juros pode comprometer ainda mais a demanda para os próximos meses.
“A queda nas expectativas referentes à evolução da demanda e dos negócios foi decisiva para abalar a confiança setorial em março. No entanto, vale destacar que ao final do primeiro trimestre, a confiança indica um pessimismo moderado e se encontra em patamar melhor do que estava ao final do primeiro trimestre de 2021”, observa a economista.
Ana Maria chama a atenção para percepção dos empresários do setor sobre o avanço da atividade corrente, que havia dado mostras de desaceleração e voltou a crescer. “A percepção dos empresários dominante sobre o avanço da atividade corrente é de que a retomada, que reflete o ciclo recente de negócios, está em patamar bem superior ao que estava no ano passado. Essa percepção é generalizada entre os principais segmentos setoriais, o que deve contribuir para um resultado positivo da construção em 2022.”
Queda das expectativas
A queda do ICST em março resultou exclusivamente da piora das expectativas em relação aos próximos meses. O Índice de Expectativas (IE-CST) caiu 3,8 pontos, para 93,9 pontos, menor nível desde maio de 2021 (89 pontos).
Esse resultado se deve à piora das perspectivas sobre demanda, cujo indicador recuou 3,2 pontos, para 97,9 pontos. Para os próximos seis meses, o indicador que mede a tendência dos negócios caiu 4,4 pontos, para 89,8 pontos, menor nível desde abril de 2021 (87,4 pontos).
Já o Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 2,1 pontos, para 92 pontos, a primeira alta neste ano. O resultado do ISA-CST foi influenciada exclusivamente pelo indicador que avalia a carteira de contratos, que subiu 4,4 pontos, para 94,4 pontos, maior patamar desde janeiro de 2014 (96,2 pontos).
Já o indicador que mede a situação atual dos negócios se manteve estável ao variar -0,1 ponto, para 89,8 pontos.
Utilização da capacidade
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção melhorou pelo segundo mês, crescendo 0,8 ponto percentual (p.p.), para 76%. O Nuci de Mão de Obra e Nuci de Máquinas e Equipamentos contribuíram positivamente, com variações de 0,8 e 1,3 p.p., para 77,4% e 70,5%.
Matéria publicada no Sinduscon-SP