A engenheira Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC – Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto, é uma entusiasta defensora da construção industrializada, especialmente do pré-fabricado de concreto, como instrumento de modernização da construção e da engenharia brasileira. Reconhecida por sua competência gerencial e dotada de um espírito agregador ímpar, Íria, nos diversos contextos em que atua, preconiza a união entre as entidades ligadas à engenharia e construção, no sentido de uma atuação sinérgica em torno do setor. “Criar um ambiente por meio da união sobre temas comuns e unir toda a cadeia foi uma grande conquista do setor”, enfatizou ela na entrevista concedida à ESTRUTURA, na qual também analisou as perspectivas e os desafios da industrialização no Brasil e no mundo.
ABECE – Com base em sua experiência na ABCIC, relembre os principais desafios vencidos pela construção industrializada na engenharia brasileira.
Íria Doniak – Desde sua introdução no Brasil, há mais de 60 anos, a pré-fabricação em concreto esteve presente em obras emblemáticas. Desde a construção de Brasília (a Universidade Nacional de Brasília – UNB, um dos exemplos clássicos do início dos anos 60, concebida pelo Oscar Niemeyer, um projeto supervisionado pelo Lelé), passando pela década de 70, fase marcada por obras habitacionais e os avanços do chamado “Milagre Brasileiro”, até os dias atuais, vemos que a pré-fabricação se consolidou por movimentos internacionais como a entrada das indústrias multinacionais no país, assim como a chegada das grandes redes de hipermercados, pois os estrangeiros não queriam alongar os seus cronogramas de obras, mas sim construir em padrões internacionais. Essa tendência acabou envolvendo outros segmentos no país como o varejo, shoppings, centros de distribuição que tem demandam o retorno rápido do investimento com a redução do cronograma das obras.
Considerando a falta de incentivo à industrialização no país que, quando tem demandas importantes que poderiam alavancar a indústria, segue adotando soluções convencionais ou executadas em canteiro, nos perguntamos como chegamos até aqui. Em alguns momentos sofremos perdas importantes de indústrias que encerraram suas atividades. Por outro lado, vimos que outras se consolidaram e cresceram junto com a Abcic, que completa 20 anos. Investir em qualidade, normalização, mas também ampliar ações relacionadas aos principais entraves. Criar um ambiente por meio da união sobre temas comuns, criar um networking a partir da associação, parceria com outras entidades e unir toda a cadeia foi uma grande conquista do setor.
ABECE – Quais as vantagens competitivas da industrialização comparando com métodos construtivos convencionais?
Íria Doniak – Recentemente com apoio do Ministério da Economia, entidades representativas de sistemas construtivos industrializados, ABCIC, ABRAMAT e CBCA lançaram um folder que apresenta os 10 Benefícios da Industrialização, o que é a Construção Industrializada, detalhando os motivos para incentivar e o que precisamos para crescer. É um material muito interessante que pode ser acessado nos sites das entidades. Dentre os 10 benefícios estão elencados, a redução de prazos, maior controle de custos, elevado nível da qualidade, menor desperdício de materiais, maior sustentabilidade, boas condições para os trabalhadores, eficiência, flexibilidade para projetos mais arrojados, compatibilidade e uso de tecnologias avançadas. Tais benefícios estão associados com alguns aspectos tais como: planejamento técnico, precisão dimensional, ambiente de fábrica, uso racional dos materiais, previsibilidade, menor impacto no entorno do local da obra, excelente interface entre os sistemas disponíveis, facilidade de adotar novas tecnologias e ferramentas da Indústria 4.0.
Confira a entrevista completa na nova edição da Revista Estrutura, da ABECE