Apesar das vendas acumuladas de cimento no Brasil até outubro continuarem registrando alta no período, o resultado mensal é o pior do ano. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), o volume de vendas em outubro totalizou 5,4 milhões de toneladas, uma queda de 9,5% em relação ao mesmo mês de 2020. No entanto, no acumulado do ano (janeiro a outubro), os números permanecem positivos, alcançando 54,6 milhões de toneladas, aumento de 7,5% comparado ao mesmo período do ano passado.
A performance da indústria vem demonstrando uma trajetória descendente desde abril, quando o acumulado do ano atingiu o pico com 20,8%. Ao se analisar a venda de cimento por dia útil, 237,3 mil toneladas em outubro, a queda é de 4,2% comparada com ao mês anterior - demonstrando, mais uma vez, que o período de maior crescimento no ano ficou para trás.
Por um lado, o desempenho do mercado imobiliário¹, a melhora nos índices de confiança do consumidor² e do empresariado³ e, ainda que pequena e lenta, a recuperação do mercado de trabalho4 sustentaram as vendas do setor. Em contrapartida, a queda da atividade industrial5, as altas da inflação e dos juros somadas a perda da massa salarial (elevado desemprego e a diminuição na renda) e fraco desempenho das lojas de materiais de construção5 afetaram de modo significativo a indústria do cimento.
"Apesar dos lançamentos e obras imobiliárias se manterem em elevado patamar, as vendas de cimento vêm arrefecendo nos últimos meses. O grande volume chuvas em outubro também contribuiu negativamente no desempenho do mês, principalmente nas regiões sul e sudeste. A preocupação da indústria do cimento continua relacionada ao alto endividamento - a maior da série histórica iniciada em 2005 - e a queda na renda do brasileiro, além dos conhecidos gargalos e o aumento dos preços dos commodities industriais como coque, energia elétrica, frete, sacaria e refratários”, disse Paulo Camillo Penna, Presidente do SNIC.
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PERSPECTIVAS
A economia segue em desaceleração. O setor industrial altamente impactado por condições adversas relacionadas aos custos de insumos, logística, entre outros, deve sofrer ainda mais com resultados financeiros apertados. Ademais, ainda continuam altos os índices de desemprego, o endividamento das famílias, o risco inflacionário e o déficit fiscal, comprometendo um melhor desempenho da nossa economia.
Em contrapartida, registra-se uma melhora nos índices de confiança do mercado. Pelos consumidores³, a melhora está relacionada a uma recuperação das expectativas sobre o mercado de trabalho. Porém, ainda estão cautelosos em relação a intenção de compras de bens duráveis e seguem na expectativa do início do Auxílio Brasil - novo programa social que substitui o Bolsa Família.
Já a confiança dos empresários2 apresentou uma modesta alta, retratando uma acomodação após a queda do mês anterior com recuo na indústria e nos serviços e estabilidade no comércio e na construção.
As obras em andamento e as vendas em expansão, a ampliação do teto do valor dos imóveis no programa Casa Verde Amarela e a continuidade dos leilões de concessões de infraestrutura - como o da rodovia Presidente Dutra com outorga de R$ 1,77 bilhão e investimentos de R$ 14,8 bilhões e leilão do 5G com movimentação de R$ 47 bilhões e geração de recursos aos caixas do governo na ordem de R$ 7,1 bilhões - continuam sendo importantes vetores de consumo do cimento.
A continuidade dos investimentos em infraestrutura é estratégica para o setor, constituindo maior segurança a atividade, na medida em que reduz a atual dependência da autoconstrução e das obras imobiliárias, responsáveis pela maior demanda da commodity.
O CIMENTO E A COP26
Integrado à discussão a respeito da neutralização de carbono e iniciativas ligadas a agenda ambiental, o setor do cimento brasileiro marcou presença na COP26 em Glasgow. Em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforçou seu compromisso no que tange às emissões dos gases de efeito estufa (GEE), em especial do CO2.
A indústria cimenteira nacional é referência em ecoeficiência global com a menor quantidade de CO2 emitida por tonelada de cimento produzida. Apresentado como um dos principais cases setoriais, a atividade defendeu o reconhecimento das ações e esforços históricos promovidos nas últimas décadas, bem como a preferência por um sistema de comércio de emissões em detrimento da taxação.
O setor tem apresentado soluções apontadas por seu Roadmap Tecnológico, que prevê a redução de 33% de CO2 até 2050, principalmente a partir de adições e combustíveis alternativos, caminhos para a mitigação de gases de efeito estufa no Brasil e no mundo.
No momento em que o mundo discute no âmbito da COP26 as questões referentes a emergência climática, a indústria do cimento aponta soluções em torno deste tema fundamental para a humanidade.
Release enviado pela assessoria de imprensa do SNIC