Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

96º ENIC: industrialização depende de mudança de cultura do setor

Processos públicos burocráticos lentos e inadequados, falta de capacitação de mão de obra, restrição de aprendizado acadêmico para inovação e, especialmente, a cultura do setor em reproduzir modelos de negócios baseados em projetos mais tradicionais estão entre as principais barreiras que dificultam a industrialização da construção, de acordo com as conclusões apontadas em debate, no 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), na última sexta-feira (14).

O resultado da consulta entre empresas e corporações foi apresentado no painel “Construção 2030 e o desafio das barreiras para a industrialização da construção”, e servirá de base para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) traçar estratégias para elevar o setor a patamares de industrialização, com uso de tecnologias, ampliando horizontes de soluções viáveis e sustentáveis.

“A mudança não pode ser apenas na apropriação de tecnologia, mas uma mudança de cultura”, afirmou Fábio Silva, consultor da CBIC, que apresentou os resultados. Segundo ele, as respostas apontaram 16 barreiras, que foram detalhadas, posteriormente, para a definição dos próximos passos no sentido da inovação e industrialização da construção.

O gerente de negócios do Serviço Nacional de Aprendizagem, Carlos Bonfim, reforçou a necessidade de haver uma mudança cultural na área. Ele afirmou que não adianta revolucionar a formação dos profissionais, dos técnicos em edificações, se as empresas também não ofertarem essa revolução.

Nesse entendimento, Bonfim questionou se as empresas estão prontas para contratar esses profissionais. “Muitas dessas barreiras estão sendo colocadas por nós mesmos. Precisamos derrubar barreiras”, afirmou. Bonfim também insistiu na necessidade de realizar um trabalho colaborativo. Segundo ele, atualmente, grupos trabalham em desempenho, industrialização e tecnologias sem interação.

“Queremos industrializar, mas o trabalho colaborativo ainda não é uma prática no nosso cotidiano, o que influencia na barreira cultural”, afirmou. “Todo o futuro possível que está na nossa frente só vai acontecer quando todos os empresários se unirem para promover inovação real”, completou. Bonfim disse ainda que o Senai tem institutos de tecnologias disponíveis para contribuir com as empresas na área de inovação.

“O desafio é muito grande, e a CBIC tem de ser a vanguarda no sentido de juntar todos”, afirmou o presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC, Dionyzio Klavdianos, que mediou os debates do painel. Ele afirmou que, em 2018, a CBIC lançou o desafio de traçar o cenário da construção para 2030. O projeto foi parcialmente interrompido com a pandemia, mas retomado em novo ciclo.

Matéria publicada na Agência CBIC

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