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A evolução da produtividade do trabalho nas empresas, ao contrário do que se observou
para o setor como um todo, evoluiu favoravelmente nesse período. Estudo da FGV realizado para a
CBIC em 2012 mostrou que a produtividade da mão de obra das empresas com 5 ou mais pessoas
ocupadas (valor adicionado/trabalhador) cresceu 5,8% ao ano em termos reais, o que significa que
o crescimento da renda gerada pelas empresas foi superior ao aumento do emprego.
A melhora da produtividade da mão de obra se deu de modo mais expressivo entre 2003
e 2006, com o crescimento de 7,2% ao ano. Nesse período, o número de pessoas ocupadas
nas empresas aumentou relativamente pouco, apenas 9%, ou 2,9% ao ano, enquanto o valor
adicionado das empresas elevou-se 34% acima do Índice Nacional de Custo da Construção - INCC-
DI. Por outro lado, o estudo mostrou que houve um crescimento expressivo do estoque de capital
– de 9,6% ao ano – superior ao crescimento do valor adicionado, o que levou a uma queda na
produtividade do capital.
No período mais recente, entre 2006 a 2009, a produtividade da mão de obra se reduz
significativamente na comparação com o período anterior: cai para 4,4% ao ano. É importante
lembrar que é nesse período que o processo de formalização do setor se intensifica, o que vai
repercutir também nos custos setoriais. Nesse período, os salários registram crescimento real de
4,7% ao ano, superando, portanto, o aumento da produtividade do trabalho.
Os números do período – 2003 a 2009 - revelam algumas tendências como o crescimento
expressivo do investimento e a substituição de mão de obra por capital. Nos seis anos de análise,
o investimento por trabalhador aumentou 61% em termos reais. Assim, o investimento maior
realizado pelas empresas – em máquinas e equipamentos e terrenos – contribuiu para aumentar
a produtividade do trabalho e diminuir a do capital. No entanto, o aumento dos investimentos se
deu mais fortemente nos primeiros anos de crescimento.
Em resumo, pode-se dizer que no período de maior expansão setorial ocorrem mudanças
importantes na dinâmica setorial em relação ao período anterior: i) a expansão das atividades foi
comandada pelas empresas, o que significou maior formalização do mercado; ii) o setor atinge
o pleno emprego no mercado de trabalho e passa a enfrentar dificuldades de contratação; ii) a
produtividade da mão de obra é maior no segmento formal, mas cai nos anos de maior crescimento;
e iii) a elevação real dos salários passa a superar o aumento da produtividade da mão de obra.
3. O CASO DE PRÉ-
MOLDADOS DE CONCRETO
O caso de construção com pré-moldados de concreto é bastante ilustrativo dos ganhos de
produtividade oriundos da industrialização do processo construtivo e dos problemas associados à
tributação. A montagem de peças pré-moldadas, feitas em fábrica ou no canteiro, reduz o tempo
de construção e dispensa mão de obra, elevando a produtividade. Ainda assim, barreiras técnicas
e econômicas por vezes inviabilizam a adoção dessa tecnologia, contendo dessa forma o avanço
mais rápido da produtividade.
Nesta seção, será exposto o caso de uma obra em pré-moldados, com base em suas variáveis
econômicas e técnicas, para interpretar os critérios por traz da decisão de adotar a tecnologia. A
análise desse caso também traz sugestões para facilitar a adoção de processos construtivos com
maior industrialização.
O EMPREENDIMENTO
O empreendimento Happy Days Manguinhos situa-se na Avenida dos Sabiás, praia de
Manguinhos, Cidade de Serra, na Região Metropolitana de Vitória, Espírito Santo. O lançamento
do empreendimento foi feito em novembro de 2009 e a obra foi iniciada em julho de 2010
(preparação do terreno e instalação do canteiro). A construção dos edifícios começou em abril de
2011 e sua conclusão ocorreu em agosto de 2012, sendo dois meses de produção e dezessete
meses de montagem das peças.
Trata-se de um projeto com três blocos de edifícios residenciais de padrão médio de
acabamento, destinados ao mercado de renda média, em ascensão na região de Vitória. A área
do terreno do empreendimento é de 10.191,51 m² e área total computável de 17.214,03 m². Cada
bloco tem 11 andares e área média construída de 6.428,95 m², 584,45 m² por andar. Ao total, a
área de construção é de 19.286,85 m².
O empreendimento analisado tem 277 unidades habitacionais – 138 unidades de
apartamentos com 2 dormitórios e área entre 56,72 m² e 59,20 m² e 139 unidades de apartamentos