Em 11 de dezembro comemora-se o Dia do Engenheiro. A data coincide com a regulamentação das profissões de engenheiro civil e arquiteto no Brasil, e também com a fundação do sistema Confea/CREA – ambas em 1933. Ao longo desses 88 anos, os profissionais do setor já superaram inúmeros desafios. O atual é atender a demanda por novas obras sem elevar a emissão de CO2.
Essa não é apenas uma missão para quem atua no Brasil. Trata-se de um desafio global para os engenheiros civis. As ferramentas para essa batalha já estão postas, diz o engenheiro britânico, David Cole, especialista em construção “Zero Energy” – aquela que consegue comprovar que a obra produz toda a energia que consome e compensou em 100% a emissão de CO2 na fase de construção. Segundo ele, o novo engenheiro civil deve dispor da tecnologia digital e dos sistemas construtivos inovadores para se adequar às novas exigências que virão do próprio mercado, cada vez mais propenso a consumir construções sustentáveis.
Cole estima que nos próximos 10 anos, a engenharia civil experimentará uma nova realidade. “Novos materiais vão surgir, e também novas formas de construir. A tecnologia inovadora irá influenciar projetos e vai colocar à prova as habilidades dos profissionais. Suponho que será um desafio nunca antes experimentado pela engenharia”, avalia.
O engenheiro civil britânico avalia que essa transformação começa nos países que precisam mudar suas matrizes energéticas poluidoras – leia-se termelétricas – para um sistema renovável baseado em energia solar e energia eólica. “Em média, a União Europeia, a China e a América do Norte terão que construir 50 GW (gigawatts) por ano de energia renovável até 2030, se quiserem, de fato, atingir metas de sustentabilidade. Isso vai desencadear um volume enorme de obras Zero Energy”, avalia David Cole.
Nos países emergentes, inovações tendem a aumentar a perenidade das obras de infraestrutura
Nos países emergentes, especialistas entendem que as construções voltadas para a infraestrutura é que serão o caminho para se conseguir baixar a emissão de CO2 na construção civil. É o que avalia o brasileiro Lucio Soibelman, que é professor-doutor no departamento de engenharia civil da University Southern California, nos Estados Unidos.
Em uma de suas recentes passagens pelo Brasil, Soibelman palestrou na USP e abordou inovações que tendem a aumentar a perenidade das obras de infraestrutura. “Pontes e viadutos com sensores, que vão avisar quando necessitarem de manutenção, já começam a fazer parte da realidade. Da mesma forma, a nanotecnologia estará cada vez mais frequente nos materiais, permitindo construir estruturas de concreto que não apenas capturam CO2, mas avisam o quanto elas conseguem reter de dióxido de carbono”, afirma.
Para se chegar a esse nível de engenharia, as universidades serão fundamentais, formando não apenas engenheiros civis, mas pesquisadores da engenharia civil. É o que diz David Cole, que escreveu o artigo “Como descarbonizar a construção civil sem afetar a demanda” – publicado originalmente na revista britânica New Civil Engineer. Ele conclui seu pensamento com a seguinte análise: “O engenheiro civil será protagonista desse novo tempo. Com base em novas tecnologias de construção, terá a missão de seguir construindo sem comprometer o planeta”, conclui.
Matéria publicada no Massa Cinzenta