Um dos destaques do último dia do 94º Enic | Engenharia & Negócios foi o painel que tratou da turbulência do cenário econômico nacional, com aumento de inflação e juros no exterior e no Brasil, agravado pelas incertezas que rondam as eleições gerais neste ano. A conversa foi entre o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, e o economista e escritor Eduardo Giannetti.
José Carlos Martins destacou que o objetivo do evento foi transmitir ao público “um menu de ideias e um momento de reflexão para que o setor da construção possa sair melhor e tomar decisões melhores para o futuro”, disse.
Sobre a questão do cenário externo, com aumento de inflação e juros no exterior e no Brasil, Eduardo Giannetti salientou que há um consenso entre os analistas, incluindo Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, de que estamos vivendo o fim de um ciclo longo na economia mundial. “Duas características centrais desse ciclo foram: juros muito baixos, e até mesmo negativos, e inflação baixa”, frisou.
Neste sentido, o economista informou que o presidente do Banco Central Americano (Federal Reserve Bank – FED) admitiu, nesta quinta-feira, que o aperto monetário nos EUA pode provocar a desaceleração e até a recessão até o final de 2022, se prolongando por 2023.
Em sua avaliação, em um mundo de inflação mais alta e crescimento menor, o desafio para as empresas é reduzir custos e repassar a inflação de custos sem contrair o volume de vendas. Para o setor da construção nacional, sugeriu foco na produtividade, diminuindo desperdícios e aumentando a eficiência interna das atividades.
Giannetti defendeu a possibilidade de o país se tornar uma economia carbono zero, mas disse que para isso é preciso estabelecer responsabilidade institucional, inclusive quanto às regras do jogo democrático, seriedade na reforma tributária e uma política ambiental consistente na prática e na comunicação.
Sobre perspectivas para a economia brasileira, Giannetti destacou que o quadro sucessório parece cristalizado, porém indefinido. Para o economista, a duração da recessão no Brasil dependerá do novo governo e das expectativas quanto a implementação de novas medidas, como a reforma tributária.
Matéria publicada na Agência CBIC