A edição do Quintas da CBIC abordou as Perspectivas Futuras e o Papel da Construção na Economia. Segundo a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, o nível de atividade médio da construção, para o 3º trimestre deste ano, é o maior para o período desde 2020. A demanda por imóveis, as taxas de juros ainda em patamares atrativos e o incremento do crédito imobiliário são alguns dos fatores que ajudam a explicar esse resultado.
Segundo Ieda Vasconcelos, apesar dos resultados positivos, o segmento está vivendo um grande desafio, que engloba a falta de insumos e o aumento exagerado nos custos. Os levantamentos realizados pelas entidades ainda apontaram a preocupação dos empresários sobre o aumento da taxa de juros. “Enquanto no 2º trimestre de 2021 menos de 10% dos empresários manifestaram preocupação com os juros, no 3º trimestre esse número aumentou para 16%”, disse a economista.
Para o vice-presidente Administrativo da CBIC, Eduardo Aroeira, o aumento no preço dos insumos representa apenas uma parcela dos problemas do setor. “Na verdade, o problema é muito mais grave que isso. O aumento é apenas uma parte. Muitas empresas atrasam obras por conta do atraso da entrega dos materiais ou aumentam o custo invisível, que não aparece no INCC”, lembrou.
Os dados mostram que o aumento dos materiais vem perdendo intensidade, mas continua em patamar elevado e se encontra em 75 pontos. “Por mais que nos últimos dois trimestres tenha caído um pouco o percentual, é um patamar ainda muito acima do normal, muito descolado do normal da série. A evolução dos preços ainda pega demais e mostra o tamanho do problema que vai muito além dos preços em si. Afeta a cadeia como um todo, a produtividade e o planejamento do setor”, reiterou o gerente da CNI, Marcelo Azevedo.
De acordo com o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ), Cláudio Hermolin, a previsibilidade é muito importante na área. “Hoje você está fazendo um estudo de viabilidade para fazer um investimento e quando você olha lá na frente você não sabe quanto estará o insumo que é importante para concretizar, como será essa entrega, se você terá material para receber, isso infelizmente gera uma insegurança. E isso gera a estagnação no investimento. É natural. Ninguém vai pagar para ver, a tendência é que as empresas aguardem para ver como isso irá se comportar”, explicou.
Considerando os resultados do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), no componente Materiais e Equipamentos, foi observado que a alta acumulada nos últimos 12 meses, encerrados em setembro de 2021, é de 30,24%, um recorde para a era pós-Real. “Isso mostra a imprevisibilidade de qualquer empresário nos seus negócios. Então houve uma alta que não tinha precedentes nesses últimos 26 anos”, disse Ieda.
Matéria publicada no Agência CBIC