O seminário “Meu negócio sobrevive sem uso do BIM?”, que aconteceu no 3º dia do ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção) debateu quais os benefícios da ferramenta que gera modelos de informação, e como está sua difusão no Brasil. O evento reuniu os engenheiros civis Wilton Catelani, presidente da BIM Fórum Brasil; Murilo Blanco Mello, gerente de engenharia e P&D da Brasil ao Cubo; André Quinderé, sócio-diretor da Aval Engenharia, e o gestor financeiro Jefferson Dias Santos, coordenador de projetos de construção do Sebrae.
Wilton Catelani iniciou o debate respondendo à pergunta-tema do seminário. “Meu negócio sobrevive sem uso do BIM? Por algum tempo sim, mas por longo tempo não. Essa inovação tecnológica chamada BIM veio para ficar. Ela permite fazer processos de construção que não são possíveis com o CAD, por exemplo. A adoção do BIM é uma decisão estratégica. Ninguém faz BIM por fazer BIM. Faz para reduzir custos, correr menos riscos, eliminar o retrabalho e ter obras com mais qualidade. Em breve, o padrão da indústria da construção será em BIM”, diz.
André Quinderé, sócio-diretor da Aval Engenharia, reforça os benefícios da ferramenta e revela que as construtoras que já a utilizam passaram a usá-la como elemento diferencial no mercado imobiliário. “O BIM ajuda a projetar a operacionalidade da edificação quando ela estiver em uso. Isso possibilita às empresas apresentarem os empreendimentos para seus clientes, através de plantas virtuais que informam como aproveitar ao máximo a eficiência energética do prédio e fazer a manutenção da edificação”, afirma.
Mas no Brasil o acesso ao BIM ainda está limitado aos grandes escritórios de engenharia e de arquitetura e às megaconstrutoras. Não há dados concretos sobre como está a difusão da ferramenta no país. Algumas estimativas apontam que 2,5% da cadeia produtiva da construção já usa, teria utilizado ou pelo menos conhece a tecnologia. Para chegar aos números reais, a BIM Fórum Brasil, em parceria com o sistema Confea/CREA, prepara para 2022 uma ampla pesquisa sobre o uso da inovação no Brasil.
Difusão da ferramenta é maior na construção imobiliária que na infraestrutura
Há uma difusão maior da tecnologia no setor da construção imobiliária. Wilton Catelani entende que o BIM só será definitivamente incorporado pela construção civil nacional quando chegar às obras de infraestrutura. “A infraestrutura é a prioridade para a ferramenta. Atualmente, existem duas iniciativas concretas. Uma do DNIT, que lançou um programa de projetos em BIM para obras de arte especiais, e outra usada pelas empresas privadas que constroem linhas férreas. Conforme o BIM for se enraizando, ele também vai mexer com outros segmentos da construção. Vou dar um exemplo: muitas normas técnicas terão que ser revisadas”, informa.
Para fazer o BIM chegar às pequenas construtoras e aos pequenos escritórios de engenharia e arquitetura, o Sebrae mantém um programa que ensina como usar a ferramenta. “Entendemos que o BIM deve abranger toda a cadeia, inclusive a de fornecedores de materiais”, comenta Jefferson Dias Santos, que admite que o custo é um dos impeditivos para a propagação da tecnologia. “O custo envolve a compra do software e o treinamento, tanto para a fase de projeto quanto no dia a dia do canteiro de obras”, alerta.
Já Murilo Blanco Mello faz uma recomendação para quem pretende utilizar o BIM. Segundo ele, é preciso um passo a passo para aprender a gerenciar a ferramenta. “O primeiro passo é usar o BIM como instrumento de redução de erros construtivos. O segundo é utilizá-lo para gerar o cronograma da obra e o orçamento. Não adianta querer usar todo o potencial da ferramenta de uma vez só. Existe um processo de evolução”, sugere.
Matéria publicada no Massa Cinzenta