O USGBC (United States Green Building), criador do sistema LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, em português), divulgou recentemente um ranking que classifica os 180 países em termos de sustentabilidade. Baseada em dados de 2020, esta lista mostra o Brasil em 5º lugar, contabilizando mais de 1.500 construções sustentáveis no país. Destas, 641 já estão registradas, enquanto 50 milhões de metros quadrados ainda buscam a Certificação GBC Brasil Condomínio®.
No Brasil, São Paulo tem o maior número de selos verdes – 42. No entanto, Curitiba fica em segundo lugar, com 24 edificações certificadas em vários níveis, segundo dados do Ranking Casa & Condomínio, elaborado pelo Green Building Council Brasil (GBC).
Para Felipe Faria, presidente da GBC Brasil, o segredo para chegar a este resultado foi cruzar os ganhos econômicos com os aspectos de ganho socioambiental. De acordo com Faria, se considerarmos os custos de um prédio ao longo de sua vida útil, 15% é gasto com construção e 85% com operação. Consequentemente, qualquer investimento na fase construtiva já traz o retorno financeiro em curto prazo.
De acordo com o relatório World Green Building Trends 2021, da Dodge Data and Analytics, a redução do carbono incorporado está se tornando uma das principais prioridades da indústria. – o que inclui emissões de fabricação, transporte, instalação, manutenção e descarte de materiais de construção.
Redução de carbono na indústria do cimento
A indústria de construção civil gera grande impacto no meio ambiente. De acordo com o Conselho Internacional da Construção (CIB), mais de um terço dos recursos naturais extraídos no Brasil são para a indústria da construção e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações. No relatório World Green Building Trends Report 2021, os participantes apontaram o carbono incorporado como uma de suas principais prioridades para os próximos cinco anos.
Na indústria do cimento, essa preocupação já é bem forte aqui no Brasil. “O nosso país tem menores emissões do mundo de CO2. Enquanto o mundo emite 620 quilos de CO2 por tonelada de cimento, aqui no Brasil este número é de 564. Nosso objetivo é chegar em 375 até 2050. Com isso, vamos evitar 420 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera”, aponta Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Na outra ponta do ciclo, há também a questão de descarte de resíduos. “O Brasil é um dos últimos países do mundo que ainda enterra energia. Materiais como papel, papelão, e cavaco de madeira iam parar em aterros. No entanto, tudo isso é energia. Em países europeus, para você levar um resíduo para o aterro sanitário tem um custo brutal. O Brasil ainda está lutando para acabar com o lixão, enquanto países mais desenvolvidos brigam para acabar com os aterros sanitários. Ou seja, utilizar os resíduos dentro dos princípios da economia circular para se tornar matéria-prima de outros produtos. Sem isso, esse resíduo iria para o lixão ou para o aterro sanitário, virando um passivo ambiental”, explica.
Matéria publicada no Massa Cinzenta