A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou de 1,3% para 2,3% a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor para 2024, índice acima das previsões para o PIB Brasil deste ano. Entre as razões estão a alta contínua das contratações, a expectativa positiva das empresas para compras e lançamentos, e a projeção positiva para o crescimento da economia brasileira no ano, além dos efeitos das adequações previstas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
A entidade alerta, porém, para a perda de recursos da caderneta de poupança desde 2020, que tem significado menor volume de recursos direcionados ao financiamento imobiliário, tanto para construção como aquisição de unidades. Outra preocupação é com o avanço no financiamento de imóveis usados, via FGTS, em detrimento de imóveis novos, o que pode desacelerar a produção e impactar a geração de novos postos de trabalho. Um terceiro ponto de atenção são os custos – de materiais a mão de obra – que seguem em um patamar elevado, prejudicando o setor.
Esse cenário foi apresentado durante coletiva de imprensa para divulgar os dados do estudo Desempenho Econômico da Construção Civil no 1º Trimestre de 2024 e Perspectivas, realizada nesta segunda-feira (29), pela internet. Na ocasião, foram apresentados os principais dados econômicos da construção, tais como geração de emprego e nível de atividade.
Segundo o presidente da CBIC, Renato Correia, e economista da entidade, Ieda Vasconcelos, a indústria da construção encerrou 2023 com queda de 0,5% no seu PIB, mantendo a previsão feita no início de dezembro pela CBIC. O desempenho ficou abaixo das expectativas projetadas pela entidade no início do ano passado, que eram de crescimento de 2,5%. “A taxa de juros em patamares elevados, a desaceleração de pequenas obras e reformas e a demora da efetivação das novas condições do MCMV ajudam a explicar o resultado naquele trimestre”, pontuou Ieda.
Custo da construção e expectativas
Em termos de custos, o setor vivenciou no 1º trimestre de 2024 alguma estabilidade, apontando aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE) de 1,42% e um incremento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC/FGV), de 0,68%. “Apesar da maior estabilidade, o custo está estabilizado em um patamar muito elevado”, prejudicando o setor, destacou o presidente da CBIC.
O estudo destaca que desde janeiro de 2020 até março de 2024, o INCC aumentou 41,05% e o IPCA, 29,11%, enquanto os custos com materiais e equipamentos cresceu 58,58% e, com a mão de obra, a alta foi de 32,02% no mesmo período.
Ainda assim, os empresários do setor estão com expectativas positivas para o nível de atividades do setor, desde janeiro de 2024, especialmente para o lançamento de novos empreendimentos e realização de serviços. Isso gera uma expectativa positiva também para a compra de insumos e matérias primas. Correia destacou uma perspectiva otimista para o setor da Construção Civil, ressaltando a queda das taxas de juros, o avanço do programa Minha Casa Minha Vida e a estabilização da inflação.
De acordo com dados da Sondagem da Indústria da Construção – Indicadores Econômicos CNI, a falta ou o alto custo do trabalhador qualificado foi o principal problema do empresário da construção no 1º trimestre/2024. Em segundo lugar ficou a elevada carga tributária e, em terceiro, os juros elevados.
Matéria publicada na Agência CBIC