O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 0,8 ponto em novembro, para 95,3 pontos, a segunda queda consecutiva. Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 0,3 ponto, após cinco meses de altas consecutivas.
Os dados são da Sondagem da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). A pontuação vai de 0 a 200, denotando otimismo a partir de 100. A enquete coletou informações de 591 empresas entre os dias 1 e 23 deste mês.
De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, esta segunda queda consecutiva da confiança dos empresários da construção reflete um final de ano com cenário mais desafiador para empresas.
“A atividade perdeu força em novembro, embora ainda predomine a percepção de crescimento. Por outro lado, a alta das taxas de juros, uma inflação mais disseminada e custos crescentes minam as expectativas de continuidade da tendência de melhora dos negócios”, analisa a economista.
Expectativa sem baixa
O resultado negativo do ICST ocorre exclusivamente em função da piora das expectativas em relação aos próximos meses, enquanto a percepção sobre o momento se mantém estável.
O Índice de Situação Atual (ISA-CST) permaneceu em 92 pontos, enquanto o índice de Expectativas (IE-CST) caiu 1,6 ponto, para 98,7 pontos, o menor nível desde junho de 2021.
Na avaliação da situação atual, o resultado do ISA-CST reflete variações opostas dos indicadores que o compõem: o indicador de situação atual dos negócios, que subiu 1 ponto para 91,8 pontos, enquanto o indicador de carteira de contratos cedeu 1 ponto, para 92,4 pontos.
Já em relação às perspectivas futuras, o resultado do IE-CST retorna para patamar abaixo do nível neutro (100 pontos), depois quatro meses influenciado principalmente pela queda de 2,3 pontos no indicador que mede a tendência dos negócios nos próximos seis meses. O indicador de demanda prevista também contribuiu para o resultado negativo, ao cair 1 ponto, para 100,8 pontos.
Custos x Preços Previstos
Ao longo de 2021, a alta dos preços dos materiais tornou-se a maior limitação à melhoria dos negócios das empresas da construção, em movimento simultâneo à alta dos custos setoriais. Dentro do INCC (Índice Nacional de Custos da Construção), o componente relativo aos materiais e equipamentos registrou em junho a maior taxa em 12 meses desde 1996.
Desse modo, 45,7% das empresas apontam a intenção de elevar seus preços, contra 1,9% que sinalizam diminuição.
“Imóveis mais caros e taxas mais altas nos financiamentos serão grandes obstáculos no caminho nas famílias que planejam comprar um imóvel nos próximos meses”, comenta Ana Castelo.
Utilização da capacidade
Apesar da queda no índice de confiança, o Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 1,7 ponto percentual (p.p.), para 77,3%.
Os Nucis de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamento cresceram 1,7 e 1,8 ponto percentual, para 78,6% e 70,1% respectivamente.
Matéria publicada no Sinduscon-SP