Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Construção civil aumenta salários e adota novas tecnologias para atrair os mais jovens

O setor de construção civil, um dos que mais empregam no país, com 2,9 milhões de trabalhadores formais, vive o desafio de rejuvenescer. Com idade média dos trabalhadores de 41 anos, as construtoras tentam acelerar a digitalização e a industrialização dos canteiros de obras, além de oferecer salários mais altos, para atrair os jovens e, especialmente os mais qualificados, principal gargalo do segmento neste momento em que as vendas de imóveis novos batem recordes consecutivos. Algumas empresas do ramo até criaram escolas para treinar interessados e evitar atrasos na entrega dos imóveis.

— Com a economia aquecida e o desemprego no menor patamar histórico (6,6% em 2024), o desafio da construção civil é atrair, treinar e reter mão de obra. Este é o principal limitador dos negócios e preocupação central das empresas, segundo nossa sondagem — diz Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV/Ibre.

Dados do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH) do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) mostram que salários mais altos têm sido um dos instrumentos das construtoras para reter e atrair trabalhadores. Nos postos formais da construção civil, os empregados ganham R$ 3.661 mensais, em média, já acima da indústria (R$ 3.571). Mas há construtoras que remuneram funcionários por produtividade, com o salário podendo chegar a R$ 7,5 mil. Os mais qualificados têm mais chance de conquistar as melhores vagas.

— É preciso capacitar pessoas, usar inteligência artificial (IA) para ganhar produtividade e atrair mais mulheres para o setor, que atualmente representam apenas 12% da mão de obra em São Paulo e 6% na média nacional — observa Ana Maria Castelo, do FGV/Ibre.

Nos canteiros da Tenda, por exemplo, os empregados já trabalham como numa “linha de produção de apartamentos” industrializada. A empresa criou um Centro de Distribuição e Transformação (CDT) de materiais, que são enviados para as obras apenas quando necessário (como no modelo industrial just in time, para uso imediato em vez de grandes estoques).

— São Paulo já tem avançado na agenda de industrialização (na construção), e ela tende a avançar no restante do país com as discussões de sustentabilidade — diz Ana Maria, da FGV.

Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP, diz que a tributação atrapalhou a industrialização da construção civil no Brasil, onde se cobra do setor ICMS e IPI sobre materiais pré-moldados produzidos fora dos canteiros de obras, encarecendo o custo total. A reforma tributária equaliza essa questão e será outro fator em favor dessa tendência.

— Há custos maiores no processo de industrialização do setor. Por isso, não foi para a frente aqui como no resto do mundo — diz Zaidan.

Leia matéria na íntegra publicada no O Globo

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site da Abcic precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!