“A construção representa 50% do investimento da economia. Isso significa que o Brasil não cresce de forma sustentável sem um desempenho positivo da construção civil”, afirmou a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, ao encerrar a reunião realizada na sede do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS).
O presidente da CBIC, Renato Correia, detalhou as prioridades de sua gestão à frente da CBIC (2203-2026), com destaque para projetos como o programa de melhoria da segurança empresarial, desenvolvimento da comunicação setorial, reorganização institucional, atração de investimentos e atração política com o poder público do ecossistema e engajamento político das bases.
Como grandes desafios a serem enfrentados pela atividade da construção civil citou a falta de previsibilidade de funding imobiliário, a falta de mão de obra especializada e a redução de novos entrantes no mercado de trabalho do setor e a disseminação do tema ESG, desenvolvendo fortemente conceitos de compliance, sustentabilidade e governança corporativa. Enfatizou que a construção tem muito a entregar à sociedade. “Somos instrumentos deste país para fazer habitação, saneamento, escola, hospital, creche, estradas, entre tantos outros produtos fins de nossa atividade”, disse.
O presidente do Sinduscon-RS, Claudio Teitelbaum, antes de passar a palavra ao José Carlos Martins, hoje presidente do Conselho Consultivo da CBIC, prestou uma homenagem pelos nove anos de comando como presidente da Câmara, de 2014 até a atual gestão, chamando ao palco os ex-presidentes do Sinduscon-RS que participaram de singular trajetória, para a entrega de uma placa. José Carlos Martins agradeceu o reconhecimento abordando parte dos seus feitos e reforçando os desafios a serem ainda enfrentados.
O coordenador de Relações Institucionais da CBIC, Luis Henrique Cidade, apresentou a importância da interação do setor, por meio de suas entidades representativas, na Câmara dos Deputados e Senado Federal. “Tramitam no Congresso Nacional mais de 40 mil proposições. A CBIC monitora mais de 3 mil. Um movimento complexo e necessário”, salienta Cidade. Na pauta de prioridades da construção no Congresso Nacional destacou a Reforma Tributária (PEC 45/2019) e o Marco Legal das Garantias (PL 4188/2021). Para ele, o setor tem direito e dever de apresentar os obstáculos que inibem suas contribuições ao crescimento econômico e social do país. “Isso passa por um diálogo constante com os representantes do Congresso Nacional”, ressalta.
A economista Ieda Vasconcelos aprofundou-se no cenário da economia nacional e desempenho da construção. Segundo ela, os principais indicadores macroeconômicos nacionais (inflação, juros, PIB, cambio) provocaram uma reflexão de expectativas da economia para patamares mais positivos, devendo superar 2% neste ano. Um cenário inverso acontece com a construção, que deverá crescer, mas em níveis mais modestos do que projetos no início do ano.
Nos primeiros três meses do ano, a construção foi um dos setores que apresentou maior retração. Foram fatores determinantes para esse baixo desempenho registrado no primeiro trimestre: elevada taxa de juros; demora nas novas condições no programa de habitação de interesse social; queda mais acentuada de lançamentos imobiliários, e ciclo muito grande de aperto monetário. “A queda do setor interferiu negativamente no resultado dos investimentos nos primeiros meses de 2023, o que implica em sinal de alerta quanto a um crescimento sustentável no país”, salienta a economista ao apresentar uma relação entre o crescimento do PIB, do consumo da família e do Governo contra uma retração do investimento. “O crescimento de forma sustentável passa pela construção civil, concluiu.
Matéria publicada na Agência CBIC