O Índice de Confiança da Construção (ICST) do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre) se manteve em 94,4 pontos em março, denotando moderado pessimismo. Em médias móveis trimestrais, o índice caiu 0,3 ponto.
A pontuação da Sondagem da Construção do FGV/Ibre vai de 0 a 200, denotando otimismo a partir de 100. Os dados foram coletados junto a 607 empresas, entre os dias 1 e 24 deste mês.
De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, pelo segundo mês consecutivo a perspectiva em relação à demanda dos próximos meses melhorou. No entanto, uma percepção mais negativa sobre a tendência do ambiente de negócios contaminou o indicador de expectativas, que fechou o primeiro trimestre sem recuperar a queda recente, apontando um pessimismo moderado do setor.
“Como já observado em fevereiro, o ritmo de atividade sinaliza desaceleração – o indicador de evolução recente fechou o trimestre em queda. Assim as empresas apontam também menor intenção de contratar. No entanto, a limitação dada pelas dificuldades em contratar mão de obra qualificada vem aumentando e alcançou o maior patamar de assinalações das empresas desde março de 2015, um sinal de que o ciclo de crescimento não foi invertido”, avaliou Ana Castelo.
Situação atual e expectativas
A estabilidade do ICST foi resultado das variações opostas dos dois componentes do índice.
O Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 0,3 ponto, para 93,7 pontos, após quatro meses seguidos de queda. A alta do ISA-CST se deve exclusivamente à melhora na percepção dos empresários sobre o indicador de situação atual dos negócios, que aumentou 0,5 ponto, para 92,2 pontos. O indicador de carteira de contratos ficou praticamente estável ao variar -0,1 ponto, para 95,2 pontos, menor nível desde março do ano passado (94,4 pontos).
O Índice de Expectativas (IE-CST) cedeu 0,3 ponto, para 95,3 pontos, mantendo-se relativamente estável após alta registrada no mês anterior. A queda do IE-CST foi influenciada pelo indicador que mede a tendência dos negócios para os próximos meses, que caiu 1,4 ponto, para 92,3 pontos. Já o indicador de demanda prevista subiu 0,9 ponto, para 98,3 pontos.
Acesso ao crédito
Para 2023, o mercado financeiro projetou queda na concessão de financiamentos habitacionais. Taxas mais elevadas e condições mais rigorosas de contratação representam um ambiente mais adverso para compradores e empresas. “Nos dois últimos meses, de fato, houve um pequeno aumento de assinalações no quesito acesso ao crédito bancário como fator de limitação aos negócios, mas ainda distante de configurar uma ameaça ao ciclo de negócios recente”, comenta a economista.
Utilização da capacidade
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção variou 0,2 ponto percentual (p.p.), para 77,9%.
O Nuci de Mão de Obra ficou estável com variação de -0,1 p.p., para 78,9%, enquanto o Nuci de Máquinas e Equipamentos subiu 1,7 p.p., para 73,6%.
Matéria publicada no Sinduscon-SP