Em julho, a construção respondeu, mais uma vez, por saldos líquidos positivos expressivos no mercado de trabalho, superiores à sua participação no estoque total de empregados na economia. Na comparação com julho de 2022, o estoque cresceu 6,55% e no acumulado de janeiro a julho contra igual período do ano passado, o aumento foi de 7,3%, desempenho que teve a contribuição positiva de todos os segmentos: Edificações com 6,9%, infraestrutura, com 5,9% e serviços especializados, com 9,2% na mesma comparação.
Vale notar que a despeito da taxa menor, a infraestrutura tem acelerado o ritmo de contratação desde o início do ano, enquanto o segmento de edificações registra diminuição.
Esse movimento era esperado. Ou seja, vai se confirmando a expectativa de alta dos investimentos na infraestrutura, resultado do maior aporte da União em obras viárias e das prefeituras em suas localidades, às vésperas do ano eleitoral.
Por sua vez, a desaceleração no segmento de edificações decorre do cenário mais adverso que afetou lançamentos e vendas desde o segundo semestre do ano passado. O total de empregados continua crescendo – as construtoras contratam mais que demitem, o que resulta em saldo positivos, mas que vêm diminuindo.
A Sondagem da Construção da FGV mostra o paradoxo: demanda insuficiente e falta de mão de obra qualificada são as principais limitações das empresas de edificações residenciais. Se por um lado, as vendas caíram, por outro, a demanda por mão de obra é resultado do boom de vendas registrado até meados de 2022 e que se encontram em pleno processo de produção.
Isso significa que se essa tendência se mantiver, em algum momento, o mercado de trabalho também vai refletir o cenário mais adverso dos negócios, com as demissões superando as contratações.
De fato, pesquisa da CBIC para o segundo trimestre de 2023 apontou que as vendas continuam em queda. Dessa forma, o semestre acumula retração de 7,5% nas vendas, em relação ao mesmo período de 2022. No entanto, essa dinâmica não é igual em todo país. A cidade de São Paulo continua a se destacar, ao sustentar crescimento na primeira metade do ano. Até julho, as vendas ainda registram aumento de 3,6%, o que sinaliza um mercado de trabalho aquecido por mais tempo.
Outro ponto relevante é a melhora das expectativas com o novo MCMV. A Sondagem vem apontando que os empresários ficaram mais otimistas, o que deve gerar novamente um aumento dos lançamentos no padrão econômico, o que mais se retraiu nos últimos 12 meses. Assim, é possível que a desaceleração do mercado de trabalho seja curta.
Matéria publicada no Sinduscon-SP