Em agosto, o INCC-M teve variação mensal de 0,33%, o que representou percentual inferior ao apurado no mês anterior e a menor taxa do ano. A variação acumulada em 12 meses alcançou 11,40%. A contribuição para a desaceleração veio da mão de obra, com taxa mensal que saiu de 1,76% para 0,54%, e do componente Materiais e Equipamentos, que variou 0,03% contra 0,62% em julho. A variação menor do custo da mão de obra deve-se ao fim da primeira rodada de aumentos salariais, que foram parcelados em duas ou três vezes em quase todas as capitais.
No caso de São Paulo, que tem a maior participação no INCC, os aumentos por conta do acordo coletivo terminaram em julho, assim o resultado de agosto foi residual, ou seja, o índice ainda captou parte dos aumentos referentes ao mês anterior. Outras capitais como Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília ainda terão novos reajustes em setembro e novembro, mas com efeitos menos expressivos. Em 12 meses, o componente Mão de Obra registrou variação de 11,21%, mantendo a tendência de aceleração observada desde fevereiro.
A concentração dos acordos no primeiro semestre do ano, quando o INPC atingiu o período de maior alta, gerou o efeito descolamento entre o INCC Mão de Obra e o índice de custo de vida, que começou a desacelerar e deve fechar o ano abaixo de 2 dígitos. Por sua vez, o grupo Materiais e Equipamentos apresentou desaceleração significativa – a taxa de agosto foi a mais baixa desde dezembro de 2019, quando foi registrada deflação de 0,04%. Houve queda nos preços de vários materiais, destacando-se os Tubos e Conexões de PVC (-3,16%), Tubos e Conexões de Ferro e Aço (-2,76%), os Vergalhões (-0,83%) e os Condutores Elétricos (-1,96%). Em 12 meses, também houve desaceleração, com a taxa atingindo 12,03%.
Vale notar que apesar de ter contribuído para a menor taxa mensal, os Vergalhões, assim como o Concreto, o Cimento e a Argamassa são os insumos que mais contribuíram para o aumento em 12 meses da cesta de matéria-prima. A mudança no ritmo de aumentos dos preços contribuiu para algum alívio entre as empresas – a Sondagem da Construção realizada em agosto apontou diminuição nas assinalações no quesito Custo da Matéria-Prima como principal dificuldade das empresas. Na comparação com 2021, houve diminuição significativa.
Ou seja, embora o quesito continue a liderar o ranking, há uma percepção de que o pior momento já ficou para trás. É importante destacar que o cenário ainda é de muita incerteza. As tensões na geopolítica mundial que levaram aos aumentos do petróleo e das commodities no início do ano ainda não se dissiparam. No entanto, as altas nas taxas de juros das economias desenvolvidas que devem promover uma desaceleração no crescimento desses países já estão contribuindo para a queda nos preços.
Domesticamente, há também ainda muitas dúvidas relativas à evolução da questão fiscal que pode, conjuntamente com o cenário externo, gerar efeitos no câmbio. São nuvens no horizonte que não devem ser desprezadas, mas a perspectiva atualmente mostra-se mais favorável a uma desaceleração progressiva dos aumentos dos preços e da mão de obra nos próximos 12 meses.
Matéria publicada no Sinduscon-SP