Em outubro, o INCC-M registrou variação mensal de 0,04%, o que representou a quarta desaceleração consecutiva. O ritmo de alta dos custos caiu sob influência da queda nos preços dos materiais de construção: no mês, o componente Materiais e Equipamentos teve taxa negativa (-0,32%), confirmando um movimento de queda nominal de alguns preços. Vergalhões, Tubos e Conexões de Ferro e Aço, Tubos e Conexões de PVC registram quedas nominais devolvendo parte da forte alta registrada entre julho de 2020 e o final de 2021.
Dessa forma, o componente Materiais e Equipamentos registra em 12 meses elevação de 8,71%, a menor taxa desde agosto de 2020 quando iniciaram os movimentos de elevação dos preços das matérias-primas. Em outubro do ano passado, a variação acumulada em 12 meses alcançou 28,39%. No caso dos Vergalhões, vale notar que os preços estão em queda há quatro meses. Ainda assim, na comparação com outubro de 2019, a alta é de 87%.
Em outubro, o preço do cimento também teve queda (-0,15%), mas em 12 meses a variação acumulada alcança 19,1% e mantém-se muito superior à média dos aumentos da cesta de insumos. Por sua vez, a mão de obra registrou variação de 0,31% refletindo os acordos parcelados do Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em 12 meses, o Componente Mão de obra apresenta variação de 11,42%, invertendo a dinâmica observada no ano passado: em 2022, a mão de obra tem sido a principal contribuição para a alta dos custos da construção. Como a maioria dos acordos ocorreram no primeiro semestre, houve o repasse da inflação no momento de maior alta.
O alívio no ritmo de alta dos preços dos materiais está sendo reportado pelas empresas. Na Sondagem da Construção do FGV IBRE realizada em outubro, o quesito Custo da Matéria-Prima perdeu o protagonismo na relação de principais limitações à melhoria dos negócios. Em outubro do ano passado, o quesito recebeu 35% de assinalações contra 21% na última pesquisa.
É importante observar que os impactos do movimento de forte elevação observado entre 2020 e 2021 ainda se fazem sentir, uma vez que os contratos no setor são de longa duração. Na área de infraestrutura, muitas empresas estão tentando recuperar perdas resultantes dos desequilíbrios dos seus contratos. E na área imobiliária, as famílias/investidores viram suas parcelas e dívidas subirem 27% em dois anos.
A deflação recente, não aponta uma tendência clara para a evolução dos preços nos próximos meses. Mas a favor de um cenário de descompressão dos custos, tem-se a expectativa de continuidade na queda nos preços das commodities metálicas. Esse movimento já é percebido e deve continuar em razão da desaceleração do crescimento das economias desenvolvidas.
Por outro lado, a incerteza ainda reside em relação ao que pode acontecer com o barril de petróleo e o câmbio. Vale lembrar que o comportamento das commodities energéticas está bastante condicionado ao conflito entre Ucrânia e Rússia e seus desdobramentos, sobretudo durante o período crítico que se aproxima: o inverno europeu.
Além disso, uma das causas da deflação recente de preços foi a desoneração de impostos. O elemento de incerteza surge por conta das dúvidas sobre a continuidade desse cenário de menos impostos sobre combustíveis no próximo ano.
De todo modo, a percepção que prevalece entre as empresas é de que o pior já passou.
Matéria publicada no Sinduscon-SP