O setor da construção encerrou o primeiro semestre do ano com números positivos, que apontam que a atividade retomou o crescimento interrompido no ano passado. A comparação com 2020 exibe, em geral, taxas de variação muito elevadas, que refletem menos a magnitude e mais a base deprimida, uma vez que o primeiro semestre de 2020 foi o período de maior impacto da pandemia sobre a atividade econômica em geral. No entanto, a comparação com o último semestre do ano passado, quando a recuperação já estava em andamento, confirma a continuidade do movimento. O setor está crescendo, mas em ritmo moderado.
De acordo com estimativas do Boletim Macro do FGV IBRE, o PIB da construção encerrou o primeiro semestre com expansão de 5,1% em relação ao mesmo período de 2020. Vale lembrar que no ano passado o PIB setorial registrou retração de 7,7% nos primeiros seis meses em relação ao mesmo período de 2019. Na margem, ou seja, na comparação com o período imediatamente anterior, feito o ajuste sazonal, houve crescimento nos últimos quatro trimestres. A comparação do primeiro semestre com o último do ano passado, com ajuste, mostra uma expansão do setor de 3,5%.
Além do PIB, outros indicadores relacionados à atividade corroboram o sentido da retomada. A produção física da indústria de materiais encerrou o primeiro semestre com alta de 25,2% na comparação com o primeiro semestre de 2020. Na comparação com o último semestre do ano passado, feito o ajuste sazonal, a produção industrial teve aumento de 2,3%.
O volume de vendas de materiais no varejo, que em 2020 respondeu por parte importante da demanda por materiais, têm se mantido em patamar elevado, com alta de 21,5% na comparação do primeiro semestre com o mesmo período do ano passado. Mas já mostra desaceleração – houve retração de 2,3% em relação ao último semestre do ano passado. A alta da inflação geral e o aumento dos preços dos materiais começam a afetar o movimento de reformas.
Por sua vez, a demanda das empresas continua crescendo. Um bom indicador desse movimento é o emprego com carteira, que termina o primeiro semestre com saldo positivo para os três segmentos. Na comparação com junho de 2020, o setor gerou 329 mil empregos formais, o que representou um aumento de 15,4% no estoque total. Os segmentos de serviços especializados e edificações responderam pela maior parte do saldo ou 35% e 34%, respectivamente.
Outra sinalização de crescimento da atividade empresarial vem da Sondagem da Construção do FGV IBRE. O Indicador de Evolução da Atividade chegou em junho próximo do nível de neutralidade, mas continuou avançando em julho e agosto, quando atingiu o melhor resultado desde outubro de 2012.
Por fim, vale notar que os empresários estão otimistas com a demanda dos próximos meses e, por isso, apontam a continuidade da melhora do emprego.
Assim, o setor continuará crescendo no segundo semestre, conforme apontam as estimativas.
Veja a íntegra da análise elaborada pelo FGV/Ibre para o SindusCon-SP aqui.
Matéria publicada no Sinduscon-SP