As empresas de engenharia, que no passado dominaram as concessões rodoviárias no país, voltaram a ganhar força no mercado, mas agora com um novo perfil: pela associação de construtoras de médio porte. Esse tipo de consórcio se tornou presença recorrente em leilões do setor, principalmente nos estaduais
De oito concessões licitadas por Estados desde 2019, cinco foram conquistadas por consórcios integrados por construtoras médias – sozinhas ou em associação com algum grupo maior.
É o caso do Consórcio Way 306, que venceu um leilão de rodovias no Mato Grosso do Sul, no fim de 2019. O grupo é liderado pela GLP (empresa de logística sediada em Cingapura), com participação das empresas de engenharia Bandeirantes, TCL e Senpar.
O exemplo mais recente é a licitação da semana passada de rodovias gaúchas, conquistadas pelo Consórcio Integrasul, composto pela Silva e Bertoli (da Neovia Engenharia) e Gregor (da Greca Asfaltos).
Já nos leilões federais feitos desde 2019, o padrão que predomina é o revezamento entre CCR e Ecorodovias. Dos cinco projetos do período, apenas um, a BR-163, ficou com um consórcio liderado por Conasa, em parceria com as empresas de engenharia Zeta, Rocha Cavalcante e M4.
Por um lado, o movimento das construtoras traz novos operadores ao mercado e eleva a competição. Por outro, há preocupação quanto à capacidade financeira e operacional das companhias, segundo analistas e empresas.
Um dos maiores desafios é o financeiro, avalia Danniel Zveiter, presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor). “O mercado de concessões é muito diferente e envolve um componente financeiro complexo, tanto para obter crédito quanto para a operação financeira do dia a dia”, diz ele.
Para Igino Zucchi de Mattos, diretor de Infraestrutura da Integral Investimentos, é importante que os grupos reúnam todas as competências necessárias, que vão muito além da execução da obra. “É preciso saber implementar a cobrança, organizar o fluxo de caixa, cuidar da parte ambiental”, afirma.
Os consórcios de construtoras médias têm ganhado terreno, mas não são novidade. A maior referência é a concessionária MGO, composta por nove empresas de médio porte, que, em 2013, arrematou a operação da BR-050, entre Minas Gerais e Goiás.
Matéria publicada na Grandes Construções