O Centro de Mediação do SindusCon-SP realizou o webinar “Dificuldades das negociações da atual crise – Rússia x Ucrânia” e debateu os aspectos da atual crise internacional e seus desdobramentos para o Brasil com o Dr. Rubens Barbosa, Embaixador do Brasil em Londres (1994 – 1999) e em Washington (1999 – 2004) e presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE).
“Vivemos uma situação delicada e não vejo como pode existir uma negociação a curto prazo porque quando tratamos de processos de mediação em algum momento as partes tem que ceder para que haja a solução. Outro ponto é deixar uma porta de saída, ou seja, não pode não deixar possibilidade de sair desse impasse. Atualmente, as posições muito rígidas das duas partes não trazem essa flexibilidade”, afirmou o Dr. Barbosa.
De acordo com o embaixador, entre as principais consequências para o país estão: a desaceleração do crescimento da economia neste ano e no próximo; aumento da carga inflacionária, com especial impacto na desorganização dos preços das commodities; uma delicada situação na política externa, devido a uma falta de posicionamento do governo sobre as questões internacionais; e, a vulnerabilidade envolvendo as questões da defesa e segurança cibernética.
Por fim, Dr. Barbosa ponderou que o ocidente devia pressionar por razões humanitárias como as destruições de cidades e mortes de civis e soldados. “O custo estimado para reerguer é de R$ 250 a 500 bilhões dólares, que provavelmente a Europa Ocidental, os Estados Unidos e a própria Rússia terão que que contribuir para a reconstrução da Ucrânia”.
Rodrigo Saddy Chade, diretor do CMS-SP, ressaltou na abertura do evento a importância do uso da mediação em qualquer tipo de conflito. “Podemos usa-la em discussões com vizinhos, acordos comerciais e societários e também em conflitos internacionais”, afirmou.
Em suas participações, Beatriz Vidigal Xavier da Silveira Rosa e Sabrina de Mello Hornos, membros do CMS-SP destacaram que a mediação é um procedimento a ser exercido e coordenado por um ou mais mediadores devidamente capacitados, imparciais e sem poder decisório, a ser(em) escolhido(s) pelas partes, para auxiliar e estimular a identificar ou desenvolver soluções consensuais para conflitos ou controvérsias, facilitando a comunicação e a negociação.
“Estamos rodeados de conflitos, desde os mais simples até os de guerra. Saber lidar com isso e buscar os caminhos adequados para resolução de conflitos deve fazer parte da formação de todos, independentemente do interesse em atuar como mediador, ou até como diplomata. O Mundo hoje precisa de pessoas com o espírito de solucionadores de problemas e não de causadores de problemas, ou incentivadores de polarizações”, finalizou Chade.
Matéria publicada no Sinduscon-SP