A transformação digital vem dando passos importantes em um dos setores mais conservadores na adoção de tecnologia: o da construção civil. Ideias simples e bem executadas podem trazer ganhos expressivos em obras, com a redução de custos e tempo de conclusão. Além disso, a comunicação entre as diversas áreas fica mais fluida, evitando retrabalho.
As construtechs –como são chamadas as startups desse segmento– puxam as novidades. Uma delas é a Agilean, criada em 2013 em Fortaleza. A empresa desenvolveu uma plataforma que automatiza toda a gestão de obras, baseada na metodologia lean. Por esse trabalho, acaba de ser uma das 87 escolhidas para programa de aceleração das empresas Scale-Up, da Endeavor.
O desalinhamento entre as obras e os escritórios de projeto e informações desatualizadas entre os dois lados podem causar inúmeros problemas e desperdícios. Essa é uma dor histórica do setor que outra construtech, a ConstruCode, tenta resolver. “O desempenho produtivo grita por digitalização de canteiros, é lá que temos os maiores lucros ou prejuízos”, afirma Diego Mendes, engenheiro civil e CEO da ConstruCode.
A transformação digital envolve pessoas, processos e tecnologia. Nenhum deles pode ser preterido. Para André Quinderé, CEO da Agilean, a construção civil é um setor muito tradicional, com um produto com uma vida útil longa. Por isso, as empresas têm muito medo de a inovação gerar problemas novos.
Mas não dá mais para continuar assim. “Temos uma nova conjuntura do nosso mercado, uma pressão de custos, de melhorar a produtividade, um momento de alta inflação do nosso setor”, justifica. “As empresas, para manter sua margem, precisam fazer diferente: a inovação deixou de ser acessório e passou a ser essencial.”
A resistência à inovação em setores muito consolidados sempre existiu. Quanto mais tradicional o segmento, menos tolerante a falhas. Mas, para o guru da administração americano Tom Peters, “o fracasso é ingrediente do sucesso”. Segundo ele, à medida que um ambiente se torna mais competitivo, a inovação fica mais necessária. Fazer as coisas de maneira diferente, traz, entretanto, riscos. Dessa forma, aqueles que não querem correr riscos não tentam algo novo, mas a única maneira de se manter competitivo hoje é justamente tentando. É por isso que as empresas precisam de ferramentas e metodologias que lhes permitam inovar com riscos menores.
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