A transição para uma economia net zero, aquela com zero emissões líquidas de carbono, tem potencial para gerar um saldo positivo de 15 milhões de empregos na América Latina e Caribe até 2030, segundo um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Somente no Brasil seriam 7,1 milhões de novos trabalhos em um cenário de descarbonização.
O relatório “O Emprego em um futuro de zero emissões líquidas na América Latina e Caribe” revela que a transição para uma economia net zero provocaria o desaparecimento de cerca de 7,5 milhões de empregos na região em alguns setores, como aqueles com base em combustíveis fósseis.
No entanto, esses empregos perdidos são mais do que compensados por 22,5 milhões de novas oportunidades de trabalho em setores como agricultura e produção de alimentos à base de plantas, eletricidade renovável, silvicultura, construção e manufatura, diz a OIT.
Na transição para uma economia net zero, os empregos em energias renováveis cresceriam 22% no cenário de descarbonização, representando mais 100.000 trabalhos.
O setor da construção criaria 540 mil empregos ligados a investimentos em eficiência energética, representando um crescimento de 2% nos empregos do setor.
O segmento de manufatura agregaria 120.000 empregos para apoiar tecnologias de baixo carbono, uma adição líquida de 0,4% na força de trabalho do setor em 2030.
Requalificação profissional
Uma questão fundamental é se as pessoas atualmente empregadas seriam capazes de migrar para empregos verdes. Além de habilidades técnicas, a geografia pode limitar a capacidade de fazer tal mudança, alerta a OIT.
No setor de combustíveis fósseis, por exemplo, levando em conta o processo de extração e geração, os empregos tendem a estar concentrados em poucos locais, enquanto a produção de energia renovável pode estar espalhada por todo o país.
Dentro do setor de energia, uma transição justa pode exigir, recomenda a OIT, um apoio aos trabalhadores afetados para ajudá-los a encontrar oportunidades de emprego em outras áreas, em vez de se esperar que eles façam a transição de combustível fóssil para energia renovável.
“Governos, empresas e trabalhadores podem atuar juntos para remover obstáculos e colher os benefícios de uma transição justa para a prosperidade do net zero”, conclui a OIT.
Matéria publicada na Abrainc