Uma matéria do Jornal O Globo traz um levantamento exclusivo do Observatório de Produtividade Regis Bonelli, da Fundação Getulio Vargas (FGV), que revela que o desempenho das empresas patinou de 1982 a 2019, com baixa eficiência dos investimentos dos setores público e privado. Houve momentos de alta e de queda, mas o resultado foi a estagnação, dificultando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB).
Infraestrutura precária e sistema tributário complexo explicam uma parte dessa falta de eficiência na produtividade do capital.
O diretor técnico da construtora Mbigucci, Milton Bigucci Junior, planeja milimetricamente cada obra residencial e acompanha com lupa o movimento nos canteiros para compensar a perda de produtividade com o uso de cimento armado em vez de pré-moldados, que diminuiriam em cerca de 30% o tempo de construção de um prédio. Segundo ele, a tributação encarece a tecnologia mais eficiente: “a construção residencial e comercial usa pouco pré-moldados, praticamente nada. A tecnologia convencional sai mais barata. Já construções de fábricas e galpões logísticos usam pré-moldados porque são imóveis para locação e precisam ficar prontos mais rapidamente”.
O sistema tributário brasileiro provoca distorções que levam a escolhas de investimento menos produtivas, afirma o economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal: “a complexidade do sistema tributário tem um custo burocrático muito alto. O Brasil é o campeão mundial de tempo gasto para pagar imposto. Estamos produzindo menos do que poderíamos, porque estamos usando trabalho e capital de forma improdutiva, que não geram bens e serviços”.
Appy afirma que a tributação distorce a forma de organização da produção: “você tem R$ 10 milhões de capital, cem trabalhadores e pode construir dez prédios com concreto ou 11 com pré-moldado, mais eficiente. No Brasil, construímos dez prédios com concreto”.
Os sistemas simplificados de tributação, como o Simples, também jogam contra a produtividade da economia, na opinião de Appy: “Eles estimulam a abertura de pequenos negócios improdutivos. Pela seleção natural, negócios eficientes crescem e os ineficientes quebram. Nosso sistema favorece a sobrevida dos ineficientes”.
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