O Building Information Modeling (BIM) já é uma realidade na construção civil. Em 2022, FURNAS Centrais Elétricas e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolveram um projeto pioneiro que integra o BIM ao Sistema de Informação Geográfica (GIS) e ao Enterprise Resource Planning (Planejamento de Recursos Empresariais). Neste mesmo ano, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), de Salvador, expediu o primeiro alvará de construção em formato BIM para um empreendimento na cidade. Outro exemplo é a Arena do Galo, o primeiro estádio brasileiro construído 100% com o emprego da tecnologia BIM. Estes são só alguns exemplos de como esta metodologia vem sendo utilizada. No entanto, ainda há diversos desafios para ampliar o seu uso no Brasil.
Retomada da Estratégia BIM-BR
A estratégia BIM, delineada no Decreto Nº 9.983 de 22 de agosto de 2019, encontra-se atualmente em processo de revisão para incorporar novos participantes ao Comitê Gestor do programa, bem como para ajustar-se às novas diretrizes governamentais. Estas políticas abrangem preocupações relacionadas à sustentabilidade e à industrialização do setor. Dentre os recém-incluídos no Comitê, destacam-se os Ministérios das Cidades e da Educação. O primeiro, em virtude de sua priorização da tecnologia BIM nas obras do programa “Minha Casa Minha Vida”. O segundo, devido à necessidade de capacitar mão de obra especializada para a utilização efetiva do sistema integrado.
Recentemente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) reuniu representantes de entidades ligadas à Construção Civil para tratar da retomada da Estratégia BIM-BR. A partir do próximo ano, os principais projetos governamentais relacionados à habitação, mobilidade e infraestrutura, entre outros, deverão dar preferência à adoção dessa tecnologia.
Uma das entidades presentes no encontro foi a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que recebeu de forma positiva a retomada do programa e se comprometeu em contribuir com a pauta. “A CBIC se comprometeu a enviar sugestões para a reformulação do Decreto Nº 9.983, e está à disposição para todos os tipos de parcerias que viabilizem o BIM em concorrências públicas e em projetos da importância do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida (MCMV)”, apontou Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC.
Outra questão abordada na reunião foi o desafio da capacitação de profissionais e gestores públicos para disseminação do BIM. “O BIM está no centro da nova política industrial, foi incluído no Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e tem função importante no Minha Casa Minha Vida. O governo está encaminhando sua parte, mas as entidades são de fundamental importância para o desenvolvimento da tecnologia. Além de ser um setor estratégico para geração de emprego e renda em áreas como habitação, infraestrutura e lazer”, afirmou Rafael Codeço, diretor de Desenvolvimento da Indústria de Bens de Consumo Não Duráveis e Semiduráveis do MDIC.
O decreto para atualizar a Estratégia BIM e o Comitê Gestor deve ser publicado nos próximos meses, segundo o MDIC.
Desafios do BIM
Dentre os principais desafios de utilizar o BIM é a integração de todos os agentes da cadeia de produção. Em entrevista ao Massa Cinzenta, Rodrigo Koerich, presidente do BIM Fórum Brasil, afirmou que esta metodologia ainda está mais restrita à fase do projeto, que é onde as tecnologias que estão disponíveis para projeto conseguem ser integradas. No entanto, na fase de execução, existem tecnologias, mas elas estão desconectadas. “Muitas startups fazem pedacinhos do processo de gerenciamento da construção, mas não o fazem de maneira integrada”, destacou.
Matéria publicada no Massa Cinzenta