O segmento de edificações responde por cerca de 1/6 do consumo de energia e 50% do consumo de eletricidade no Brasil. Para incentivar o uso de tecnologias de eficiência energética no setor de edificações por meio da adoção de procedimentos de digitalização, foi lançado o estudo “Digitalização e eficiência energética no setor de edificações no Brasil”.
O documento foi produzido por meio de uma parceria entre o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério Federal da Economia e Ação Climática da Alemanha (BMWK) e o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
De acordo com as análises feitas, considerando um cenário de rápida digitalização, a possibilidade de redução no consumo de energia no setor de construção poderia chegar de 30% a 40% de 160 TeraWhatts (TWh) até 2050.Durante o lançamento virtual do estudo, o diretor do Departamento de Acompanhamento Energético do MME, Carlos Alexandre Pires, afirmou que este valor é comparável ao consumo anual de eletricidade de 3.360 mil domicílios e representa 815 mil toneladas de carbono (tCO2) de emissões evitadas.
“Por meio da adoção das soluções digitais, é possível conhecer melhor o desempenho de uma edificação. Seja na fase de projeto, quando é possível estudar e compreender a economia que pode ser atingida no longo prazo, durante o ciclo de vida dessa edificação, ou na fase de operação. Utilizamos a digitalização para captar informações sobre o desempenho nessas edificações. Também podemos utilizar estes dados para retroalimentar e melhorar as políticas públicas. E quando falamos em habitação de interesse social, estas informações podem representar uma redução no custo de vida dessas famílias. Por fim, a redução do consumo de energia contribui para nossas metas climáticas no setor da construção”, destacou Andiara Campanhoni, coordenadora geral de assuntos estratégicos do MDR, durante videoconferência de lançamento do estudo.
Diferentes cenários
O “Digitalização e eficiência energética no setor de edificações no Brasil” traçou resultados de acordo com três cenários principais de digitalização:
• Lento: neste caso, o ganho de eficiência energética é baixo, ficando em níveis inferiores a 10% do total de 161 TWh até 2050. Corresponde ao consumo anual de eletricidade de até cerca de 840 mil domicílios. É equivalente a emissões evitadas da ordem de 200 mil tCO2.
• Moderado: aqui, o potencial de eficiência energética chega a ser de 20% a 30% do total de 161 TWh até 2050. Representa o consumo anual de eletricidade de até cerca de 2.520 mil domicílios. Evitaria emissões de 610 mil tCO2.
• Rápido: aqui, ele atinge seu potencial máximo de 30% a 40 % do total de 161 TWh até 2050.
Soluções digitais
O estudo avaliou 20 soluções digitais que podem contribuir para a eficiência energética durante todo o ciclo de vida de uma edificação. Dentre elas estão a adoção de tecnologias de gestão e automação; programas computacionais de modelagem dos edifícios; tecnologias de gerenciamento e segurança dos dados, usadas desde o desenho e modelagem dos edifícios aumentando o desempenho energético da edificação por anos, como a orientação solar, sistemas de ventilação, envoltória, dentre outros.
Estudos de caso
O documento apresentou ainda alguns estudos de caso. Dentre eles está o de um condomínio residencial do Programa Minha Casa, Minha Vida, bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro. Após algumas simulações realizadas na fase do projeto, foram feitas modificações nas orientações dos prédios, o que favoreceu a ventilação natural. Ainda, também foi realizada uma adequação dos ambientes, com a inclusão de varandas para sombreamento da fachada. Outra alteração foi o aumento das esquadrias para proporcionar maior iluminação natural, além de instalação de sistema de aquecimento solar de água. Como resultado, estas modificações geraram um incremento de eficiência energética de 1.776 kWh/ano (considerando o edifício multifamiliar como um todo) ou uma redução de 3,13% na comparação com o modelo anterior.
Matéria publicada no Massa Cinzenta