O momento político atual foi o assunto do Quintas da CBIC de hoje (26/8). Com participação do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, do diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, e do cientista político Leonardo Barreto, a live trouxe reflexões sobre o tema.
Durante o debate, Hidalgo afirmou que o momento econômico está pesando na popularidade do presidente da República, Jair Bolsonaro. Barreto reiterou que o Brasil vive um período raro de desequilíbrio institucional. “Eu acho que o comum é o barulho, o ajuste. Mas, hoje a gente vive uma circunstância onde há uma dificuldade de afirmar onde estão os pontos de equilíbrio do sistema político.”
O cientista político ainda destacou o que diferencia essa crise de outras. “É que a gente não tem aquela figura de um juiz, do magistrado, do árbitro, naquela organização que vai intermediar os conflitos políticos.”
Na opinião de Barreto, o dia 7 de setembro, data em que estão previstas manifestações pelo país, pode, de certa maneira, devolver Bolsonaro ao jogo político. “Essa é uma estratégia que já foi utilizada outras vezes. Mas, a novidade agora é o clima maior de stress, especialmente entre o Poder Judiciário e Bolsonaro, além do receio de que possa haver manifestação de violência.”
Já Hidalgo diz que o Brasil será outro após a ocasião. Segundo ele, para o bem ou para o mal. “Será um grande divisor de águas”, ressaltou.
Hidalgo ainda afirmou que, de acordo com as pesquisas, existem dois Brasis: um Brasil que ‘dá certo’, especificamente no setor do agro – no interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, onde o Bolsonaro é muito forte. Ao mesmo tempo, nas capitais brasileiras, a popularidade caiu muito. “Caiu pelo preço das coisas, pela dificuldade que as pessoas estão tendo de sobreviver.”
Na discussão sobre a terceira via nas eleições de 2022, Hidalgo disse que a escolha será pelo ‘resta um’. “Quem está aí, que foi apresentado pelas pesquisas, não é o que o povo esperava de terceira via, por isso que não cresce. A terceira via virá pela sobra. Ao meu ver, provavelmente vamos ficar com quatro candidatos: Bolsonaro, Lula, PSDB e Ciro.”
Falas dos participantes sobre a democracia brasileira
Murilo Hidalgo
A nossa democracia é consolidada e forte, eu não tenho dúvida. A democracia vai resistir e vai atropelar quem quiser fazer diferente sobre isso.
Leonardo Barreto
A democracia brasileira é muito forte. A caracterização do Bolsonaro como uma ameaça à democracia é parte de um discurso eleitoral que está sendo desenvolvido. Tem muita gente que enfatiza isso. Também existe um sentimento na maior parte da imprensa de forçar um pedido de interrupção do mandato, embora o próprio sistema político não queira isso, nem o PT quer isso. Não acha isso interessante.
José Carlos Martins
Eu convivi muito pela história com 1964. Eu convivi o dia a dia naquela época. Eu tenho uma convicção tão grande na democracia do Brasil que todos esses que estão falando por aí, não me afetam em nada.
Primeiro, a situação que a gente tinha naquela época era de insubordinação, que é tudo que um militar não pode aceitar. Porque essa é a razão da sua existência. A subordinação e a hierarquia e aquilo havia sido quebrado.
Segundo, eu confio demais na democracia brasileira. Até pouco tempo atrás, eu era o vice-presidente da entidade internacional da construção. Eu convivi e viajei para muitos países. Todos eles veem o Brasil indiscutivelmente a democracia mais sólida dos países emergentes. Esse é um dos grandes fatores que traz capital para cá.
Matéria publicada na Agência CBIC