Expectativas voltam a melhorar, mas crescem as preocupações com custo No primeiro mês de 2022, os empresários da construção foram “contaminados” pelo pessimismo geral, que atingiu também os consumidores ante as perspectivas mais difíceis para a retomada. O indicador de Expectativas da Sondagem da Construção teve a maior queda mensal desde abril de 2020.
Em fevereiro, houve uma correção, ou seja, a percepção foi no sentido de que a demanda prevista para os próximos meses pode não cair tanto. Vale a ressalva que o Índice não recuperou o patamar de janeiro e ficou abaixo da neutralidade, o que significa que mesmo com a melhora ainda continuam pessimistas – moderadamente pessimistas.
Já a percepção com os negócios correntes (Índice de Situação Atual) teve a segunda queda consecutiva, o que reflete um quadro mais complicado em relação aos custos do crédito e dos insumos. Assim, puxada por expectativas menos desfavoráveis, a confiança das empresas cresceu, mas sem apontar uma percepção positiva.
Um ponto de destaque na Sondagem de fevereiro foi o aumento das preocupações com custos. O percentual de empresas que indicou os custos de matérias-primas como uma limitação à melhoria dos negócios voltou a crescer. Uma diferença importante em relação ao ano passado, é que a preocupação com os custos da mão de obra também subiu.
Somando os dois itens, as assinalações de limitação dos custos na melhoria dos negócios alcançam 47,8%, o que supera em 15 pontos as indicações em demanda insuficiente. É importante observar que tem sido registrada uma desaceleração na alta dos preços dos materiais. Nos dois primeiros meses de 2021, o componente Materiais e Equipamentos do INCC-M acumulava elevação de 3,86% e em 2022, a taxa está em 1,62%. No entanto, mesmo que o ritmo de aumentos esteja inferior ao do ano passado, a base está alta, ou seja, os custos estão muito elevados.
Outro aspecto que mantém as preocupações das empresas em alta é a recente escalada dos preços do barril de petróleo. Além disso, as commodities metálicas voltaram a subir no mercado internacional. Ou seja, não há perspectiva de redução nos custos com matérias-primas no curto prazo.
No que diz respeito à mão de obra, ainda não houve fechamento de acordos nas capitais e o INCC-M só captou pequenas variações. No entanto, o INPC, que pauta as demandas salariais, registra variação acumulada em 12 meses até janeiro de 10,60%. Outro ponto importante para as empresas, mas que não é captado pelo INCC, é a alta dos serviços. Os custos tendem a subir com a demanda aquecida e a inflação elevada.
A Sondagem da Construção tem apontado desde o final de 2021, o aumento das assinalações de falta de mão de obra qualificada como fator limitante ao crescimento dos negócios. Enfim, é um cenário desafiador, com muitas incertezas, que devem se traduzir em uma maior volatilidade dos indicadores de confiança empresarial ao longo do ano.
Leia a íntegra da análise elaborada pelo FGV/Ibre para o SindusCon-SP aqui.
Matéria publicada no Sinduscon-SP