As obras paradas no Brasil foram o tema da LiveJR, promovida pela RecordTV, em que o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, foi entrevistado, ao vivo, pelos jornalistas Christina Lemos, Romeu Piccoli e Leandro Stoliar, nesta sexta-feira (3). De acordo com a entidade, o país tem cerca de 4.700 obras paralisadas, parte delas ligadas às áreas de saúde, educação e mobilidade urbana.
De acordo com o presidente da entidade, os principais motivos das paralisações envolvem má gestão dos projetos. “Projetos mal executados, falta de pagamentos nos tempos adequados, licenciamento ambiental e desapropriações”, destacou Martins.
O presidente ainda afirmou que o maior problema do abandono das obras ligadas à saúde e à educação envolvem a incapacidade do poder público municipal de colocar funcionários para manutenção de postos de saúde e creches. “Como o município não tem recursos para colocar gente para tocar isso, ele impede de terminar. Tanto é que 25% dessas obras paradas estão com mais de 90% executadas. É uma coisa absurda, faltam menos de 10% para terminar”, lamentou.
Para Martins, a falta de responsabilização pela não entrega também pode prejudicar o andamento correto das obras. “Quando eu falo de gestão não quero jogar só para o poder público. Tem empresa que não foi correta, que pegou o que não podia, e tem empresa que fez o projeto mal feito. Tudo isso passa porque não há responsabilização de quem não entrega. Esse é o ponto básico”, afirmou, ao lembrar que em diversos países, ao se dar início a um empreendimento, existe um gestor com a responsabilidade de acompanhar a entrega da obra à população em um prazo determinado.
A necessidade de melhoria nas escolhas de quem vai executar a obra, por parte do poder público, também foi debatida no encontro. “Quando você para uma obra todos perdem, inclusive os funcionários, fornecedores, gente que acreditou, aquela pessoa que entregou a refeição para o grupo. É um problema seríssimo. Tem que ter esse grau de responsabilidade pela coisa pública”, reiterou.
Como solução para a problemática, José Carlos Martins apontou que uma decisão importante seria não poder contratar nada antes de terminar o que já foi iniciado.
Ao final da live, o presidente da CBIC destacou a relevância da série especial sobre obras paradas no Brasil realizada pela emissora. “Eu espero que tudo isso que a gente tem passado não se repita. Não vamos repetir os mesmos erros. Vamos responsabilizar quem não entrega. Não vamos para o formalismo, vamos para o resultado. Essa é a nossa crítica ao órgão de controle, que tinha que responsabilizar quem fez errado, seja a empresa, seja o gestor, seja quem colocou verba e não era o suficiente. A gente vive isso no dia a dia e dói demais ver tanto dinheiro jogado fora”, concluiu.
Matéria publicada na Agência CBIC