Já está no ar a edição de maio do Boletim da Construção, um informativo mensal sobre a conjuntura econômica do setor produzido pela equipe do Deconcic/Fiesp.
No mês de abril, as tarifas americanas — anunciadas e parcialmente efetivadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump — geraram caos e aumentam o risco de uma recessão global. Após idas e vindas, as novas taxas foram parcialmente e/ou temporariamente suspensas, mas já tiveram consequências econômicas significativas para o mundo como um todo. Projeções do FMI indicam um impacto negativo de 0,5% no PIB mundial no ano de 2025 e de 0,3% em 2026, com resultados menos contracionistas no caso brasileiro (-0,2% nos dois anos).
Os efeitos sobre o Brasil permanecem incertos, porém o país ficou em posição menos adversa, entrando no patamar mínimo de sobretaxa (10%). Por ser um setor (naturalmente) menos aberto ao mercado externo, a tendência na Construção é de impacto reduzido em relação ao restante da economia. No entanto, entre outros efeitos adversos, uma desaceleração global tenderia a reduzir o crescimento do Brasil e, consequentemente, do setor.
Na pauta nacional a inflação continua no centro das preocupações, com o IPCA mantendo-se pressionado, apesar do nível já elevado da SELIC. A queda no preço do petróleo, reflexo da instabilidade e incerteza atuais, somado ao risco de recessão global, podem auxiliar na estabilidade dos preços e, consequentemente, facilitar o trabalho da política monetária. No entanto, as tarifas tendem a ter efeitos inflacionários mundiais, por atingirem as cadeias globais de valor.
A Construção deverá ser afetada por novas políticas do governo federal, especialmente as mudanças expansionistas no Minha Casa, Minha Vida (criação da Faixa 4, voltada à classe média), já com impactos no curto prazo. O início da operação do programa “Crédito do Trabalhador”, que utiliza o FGTS como uma das garantias dos empréstimos, gera preocupação com possíveis comprometimentos do Fundo no médio e no longo prazo.
Os seguintes pontos de atenção devem ser acompanhados:
• Profundidade dos efeitos defasados e da possível continuidade do aumento da taxa de juros;
• Resiliência da aceleração dos preços do setor e da economia em geral;
• Consequências das políticas protecionistas do governo dos Estados Unidos;
• Possíveis cortes nos investimentos públicos por conta de restrições fiscais;
• No médio e longo prazo, risco de exaustão dos recursos da caderneta de poupança e do FGTS (com destaque para a evolução do Saque-Aniversário e do novo programa Crédito do Trabalhador);
• Dificuldade de contratação de mão de obra, que continua a ser o principal componente a pressionar os custos do setor.
Acesse boletim na íntegra no site da FIESP