A ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) realizou a terceira edição do Fórum de Inovação e Liderança da Incorporação (FILI), em formato híbrido. Com o tema: Compartilhar a Visão do Futuro, o evento promoveu importantes debates sobre inovação e novas tecnologias que farão parte do cotidiano do mercado imobiliário e da sociedade. A ABCIC foi representada no evento por seu diretor de Marketing, Wilson Claro.
Na abertura do evento, o presidente da ABRAINC, Luiz França, destacou que o setor passa por processos cada vez mais intensos de digitalização – incluindo as etapas de vendas, pesquisa e até registros online de imóveis -, e que isto deve abrir novas oportunidades para os players do setor. “Temos um desafio enorme no Brasil, com um déficit habitacional alto, e não à toa nossas empresas despertam interesse de investidores internacionais”, afirmou.
De acordo com ele, foram feitas cerca de 70 rodadas de investimentos em empresas do setor, movimentando em torno de R$ 6 bilhões.
França explicou que para os próximos dez anos, o mercado imobiliário terá que produzir mais 10,8 milhões de moradias – considerando dados de crescimento da população, casamentos, divórcios, maior longevidade dos brasileiros, tendência de pessoas viverem sozinhas, entre outros aspectos. Além disso, há um déficit atual de 7,8 milhões de habitações.
“O volume que precisamos construir é grande, teremos que ser cada vez mais eficientes, e esse desafio passa, sem dúvidas, por mais inovação”, analisou França.
Tendências em 2040
No primeiro painel do dia, Giovanni Cordeiro, economista-chefe da consultoria Deloitte, apresentou o estudo “Comportamento do Consumidor e Tendências para 2040”. Ele destacou que o mercado imobiliário deve se adaptar a novas tendências das futuras gerações de consumidores que, aparentemente, não estão tão preocupadas em marcas e opiniões de terceiros.
Cordeiro revelou que, além da personalização e facilidade, este novo público, que será predominantemente urbano (93% da população brasileira deve viver em cidades), vai buscar imóveis em regiões mais seguras e próximas de seu trabalho, e que 44% dos interessados em imóveis devem efetuar sua compra de forma 100% online.
Além disto, os imóveis deverão oferecer soluções adaptáveis para uma sociedade mais plural e dinâmica. “Ele tem que permitir conexão dos eletrônicos. A residência tem que se adaptar a um público plural e o ambiente no entorno tem que oferecer essa conveniência”, declarou.
O compromisso da liderança na Incorporação
No segundo bloco do evento, Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, moderou um debate sobre inovação e ESG que contou com as presenças do diretor de RI e Investimentos da Cury Construtora, Ronaldo Cury; o CEO da MRV, Eduardo Fischer; o CEO da Yuny, Marcelo Yunes, e a Gestora de Desenvolvimento Humano e Organizacional e Assessora de Novos Negócios da Patrimar Engenharia da Patrimar, Patrícia Veiga.
O grupo tratou do engajamento do setor nas práticas ESG e reforçou o foco em ações sociais. Eles ainda lembraram que a construção civil busca, no momento, ampliar novas tecnologias e inovações para dar mais eficiência e dinamismo na execução de seus produtos e serviços.
Eduardo Fischer comentou sobre o comitê de governança corporativa e inovação da MRV, que conta com equipe e orçamento próprios, o que permite à companhia tratar desses temas de forma contínua, mesmo em épocas de crise.
Ronaldo Cury também contou sobre as medidas tomadas dentro da construtora. “Criamos uma governança de inovação, seja em negócios futuros ou para operações presentes”, refletiu o executivo.
O CEO da Yuny Incorporadora, Marcelo Yunes, falou que momentos de crise exigem que as empresas, frequentemente, acelerem a inovação na gestão de processos, o que melhora as margens e a eficiência. “O desenvolvimento de produto é um trabalho constante”, disse.
Patricia Veiga, gestora de Desenvolvimento Humano de Novos Negócios da Patrimar, falou que inovar nem sempre significa gastar muito dinheiro. “É possível fazer melhor o que já fazemos sem grandes mudanças, apenas ajustando processos”, afirmou.
Soluções com foco em Produtividade
Na terceira parte do FILI 2022, foram realizados pitches com Guilherme Quandt, Diretor de Marketing e Estratégia do Sienge; Gustavo Brant, CEO da DocuSign; Danilo Igliori; VP e economista-chefe do Zap+ (Grupo OLX); e William Medeiros, Gerente Comercial da STO Brasil. O painel foi mediado por Bruno Loreto, CEO e founder da Terracotta Ventures.
Loreto abriu o painel e falou sobre o potencial das startups para gerar mais eficiência aos negócios da construção civil e incorporação imobiliária.
Guilherme Quandt abordou a transformação digital e a integração da cadeia como alavanca de produtividade, sobretudo no período de pandemia.
Gustavo Brant explicou como a digitalização contribuiu para a manutenção de inúmeros projetos e negócios na pandemia, dentre eles, os imobiliários. “A assinatura eletrônica e a digitalização de documentos trouxe mais facilidades e reduziu burocracias e gastos”.
William Medeiros, da STO Brasil, apresentou case realizado em cooperação com a Trisul, sobre solução de inserção de vigas intermitentes ao longo da altura do empreendimento da incorporadora, ligando as sacadas de unidades independentes. Ele também abordou a iniciativa de logística reversa de resíduos de obras que tem contribuído com a redução dos custos e impactos.
A transformação do mercado e as experiências através do ecossistema de soluções, como as procuras dos consumidores, com demanda por processos menos longos e experiência cada vez mais digitalizadas, foram abordadas por Danilo Igliori, VP economista-chefe do Zap+, do grupo OLX Brasil.
Os últimos painéis foram marcados por debates sobre tokenização e metaverso.
Matéria publicada na Abrainc