Projeto da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o Construção 2030 está sendo renovado. Para isso, precisa da participação das empresas para identificar oportunidades e desafios para acelerar a transformação digital e a industrialização do setor no Brasil.
Pensando nisso, o Quintas da CBIC debateu o tema “Como acelerar a transformação do setor da construção? Participe do novo plano de ação do Projeto Construção 2030!”
De acordo com o presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da entidade, Dionyzio Klavdianos, a CBIC representa principalmente pequenas e médias empresas e tem o papel de ajudar a resolver os desafios e incentivar a inovação do setor.
“O projeto Construção 2030 é uma estratégia da CBIC para acelerar o desenvolvimento do setor e a ajudar as empresas menores a se adequarem e a se posicionarem em um cenário de mudanças. A intenção é contribuir com o desenvolvimento da construção e a enfrentar os desafios. Então até o dia 15 de outubro receberemos sugestões e contribuições das empresas que podem responder a uma pesquisa rápida. Queremos construir esse projeto de forma coletiva”, disse.
O professor da Universidade Federal de Pernambuco, Fábio Queda, está contribuindo com a reformulação do projeto e enalteceu a iniciativa de debater os próximos passos do setor. “O Brasil é um país que não tem o hábito de pensar o amanhã. Nos reunirmos em torno do tema o futuro da construção já é um avanço, uma contribuição. Temos tantas questões emergentes para resolver que não temos esse tempo. Promover o debate e articular esse pensamento é um sinal de que estamos no caminho de transformar o futuro”, enfatizou.
Fábio Queda explicou a metodologia central adotada no Construção 2030, das curvas de mudança, em que as ferramentas dominantes no presente se tornam ativos residuais, se adaptando às mudanças e aprimorando, e os sistemas emergentes, que estão começando a ganhar tração, evoluem para se tornar os novos dominantes.
“Vamos em três estratégias. A primeira é melhorar o setor usando a transformação digital e as tecnologias já desenvolvidas e que precisam ser incorporadas para formarmos um canteiro digital inteligente. A segunda é inovar, utilizando bastante a industrialização para chegarmos ao processo da construção 4.0. A terceira é saltar para inovar e não apenas para melhorar”, explicou, ao enfatizar que para isso, é preciso entender os principais impedimentos e desafios da industrialização, justificando a coleta de informações das empresas.
José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da CBIC, ressaltou a importância da produtividade do setor e enfatizou que a capacitação é fundamental para o processo de transformação. Segundo ele, um dos grandes entraves é a burocracia e as instituições de controle, que obrigam as mesmas ações do setor há 40 anos, atrasando a inovação.
“Infelizmente os órgãos de controle não são parceiros do setor nesse processo de inovação e exigem as mesmas coisas que 40 anos atrás. É preciso mudar essa mentalidade. É preciso aumentar produtividade e assumir a sustentabilidade. A construção com madeira, por exemplo, é um processo de extrema tecnologia, mas é travado pela burocracia. Essa pesquisa é importante para trazer o diálogo para o que queremos ser no futuro, para pontuarmos as principais demandas e lá na frente brigarmos enquanto setor”, disse.
“Não adianta focar na tecnologia de produção se a regulamentação não for resolvida de forma inteligente. Como o poder público, por exemplo, pode comparar uma obra de engenharia com o consumo de uma caneta? O setor tem especificidades fundamentais que devem ser consideradas. É preciso uma parceria efetiva com o poder público para entregarmos obras com melhor qualidade”, alertou o presidente da CBIC, Renato Correia.
Correia destacou a necessidade de a construção focar nas pessoas e em como atendê-las melhor. “Deste projeto tiramos três mensagens para trabalharmos os próximos passos. A primeira é a necessidade de olhar para as pessoas, de levar qualidade para quem usa e para quem produz, cliente e trabalhador. Outra é olhar para a produtividade, buscando soluções para o setor evoluir. E por fim, é a necessidade de um plano de país, para sabermos para onde vamos. São desafios a serem atendidos, mas que bom que estamos discutindo, pois ainda temos muito a fazer”, concluiu o presidente da CBIC.
Matéria publicada na Agência CBIC