Em 2022, o Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) completou 50 anos. Desde sua criação, a missão sempre foi garantir o propósito ético, técnico, social e hoje sustentável das estruturas de concreto armado e protendido.
“No período da fundação do IBRACON, a engenharia no país vivia uma fase áurea com muitas construções e investimento na infraestrutura do país: barragens para produção de energia elétrica, ponte Rio Niterói e estradas para a segura circulação de bens e pessoas, elevados, viadutos, usina nuclear de Angra dos Reis, obras de saneamento e metrô. A forte demanda contrastava com a falta de experiência e conhecimento dos engenheiros e das empresas de engenharia, somada à mão de obra despreparada”, lembra Paulo Helene, presidente do IBRACON.
Como resultado, ocorreram grandes e trágicos acidentes: prova de carga das estacas da ponte Rio Niterói, que ceifou a vida de engenheiros do IPT; colapso parcial do elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro; colapso do pavilhão de exposições da Gameleira, em Minas Gerais; e outras ocorrências de menor repercussão. Havia, inclusive, dúvidas técnicas sobre o comportamento do concreto nas Estações de Tratamento de Água (ETAS), Estações de Tratamento de Esgotos (ETES) e nas estruturas enterradas do Metrô de São Paulo quando exposto a solo agressivo devido a vazamentos de gás natural encanado para residências no solo do centro de São Paulo.
Dentro deste contexto é que o IBRACON foi criado. E uma das primeiras discussões trazidas pelo Instituto foi a respeito da permeabilidade e durabilidade do concreto. “Havia a falsa crença de que as estruturas eram eternas e bastava serem seguras e estáveis. Na época, a ênfase quanto ao projeto estrutural era dada apenas à resistência e estabilidade. Esses primeiros encontros contaram ainda com a participação dos maiores engenheiros da época, entre eles: Francisco de Assis Basílio, Eládio Petrucci, Gilberto Molinari, Lobo Carneiro e Luiz Alfredo Falcão Bauer, reconhecidos pelo IBRACON que, inclusive, confere importantes prêmios em suas memórias”, pontua Helene.
Grandes realizações do IBRACON
Ao longo de sua história, o Instituto coleciona diversos feitos interessantes. “Sinto orgulho de dizer que, ao longo desses 50 anos, o Instituto fez muito pela engenharia do concreto no país, contribuindo também para a difusão de novos conhecimentos no mundo”, opina Helene.
Dentre as realizações do IBRACON estão a revista impressa “Concreto & Construções”; a revista científica “Concrete Materials and Structures Journal”; a publicação de 11 livros técnicos e 14 práticas recomendadas; 167 cursos dentro do Programa MasterPEC; com formação de cerca de 2.960 profissionais; 62 edições de congressos, com mais de 40.000 participantes e 8.376 artigos publicados nos anais do evento; e 37 edições do prêmio Emílio Baumgart.
Valores para encarar os próximos desafios
Para os próximos anos, o IBRACON prevê a realização de ações que estejam ligadas aos seus principais valores. O primeiro deles é conhecimento, ciência e progresso. “Temos um compromisso com o avanço e o que houver de mais moderno e inovador na tecnologia do concreto e na engenharia para o desenvolvimento da sociedade”, pontua Helene.
Prova disso é o Congresso Brasileiro do Concreto. “Trata-se do maior evento técnico-científico nacional onde participam profissionais, pesquisadores e estudantes para conhecer as tendências em termos de pesquisas, tecnologias construtivas, normalização técnica e boas práticas relacionadas ao projeto, construção e manutenção das estruturas de concreto”, destaca Helene.
Outra questão importante para a instituição é o compromisso com o país. “O Instituto se mantém sempre à frente nos momentos em que a sociedade civil pediu um posicionamento técnico através de contribuição inquestionável às normas, manifestos sobre grandes tragédias, pesquisas para buscar lições e aprendizados, envolvimento em grandes projetos nacionais como barragens, pontes, certificação de pessoal técnico e de nível superior e atualização profissional através do MasterPEC”, afirma Helene.
O próximo Congresso Brasileiro do Concreto, que acontece em Brasília, de 11 a 14 de outubro, contará com palestras que abordarão a questão da sustentabilidade, que é um tema que a IBRACON vem introduzindo na cadeia do concreto desde a década de 80. No evento, o presidente da FIB (Federação Internacional do Concreto Armado), Akio Kasuga, tratará do tema da sustentabilidade do concreto dentro do novo Model Code 2020 e como o projeto pode contribuir para a neutralidade do carbono. Já o presidente da RILEM (União Internacional dos Laboratórios e Especialistas em Materiais Construtivos e Sistemas Estruturais), Ravindra Gettu, apresentará um panorama das construções de baixo carbono com concreto. Por fim, o presidente do ACI (Instituto Americano do Concreto), Charles Nmai mostrará como os projeto e construção de estruturas de concreto podem decisivamente contribuir para reduzir as emissões de gases estufa no planeta.
Matéria publicada no Massa Cinzenta