A economista da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, analisou os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia na economia brasileira destacando que eles são dependentes do tempo de duração do conflito.
A economista destacou que já se observa aumento nos preços de importantes commodities (como petróleo e trigo, por exemplo). Além disso, aumentou-se a pressão sobre a inflação, que já estava em patamar elevado antes do início do conflito, e a preocupação com mais aumento de juros. Mas ressaltou que as preocupações não são restritas a economia brasileira e que a economia mundial está apreensiva.
“No Brasil, o aumento do preço do petróleo, por exemplo, já provocou uma forte elevação nos preços dos combustíveis, o que certamente vai gerar uma pressão adicional na inflação. Alguns analistas já estimam que o IPCA, indicador oficial da inflação, no País poderá encerrar o ano perto de 7%, enquanto a projeção anterior era de 5,6%”, explicou Ieda.
Além disso, ela ressaltou que “o aumento das expectativas para a inflação gera preocupação com o avanço dos juros: A taxa de juros (Selic), que no início de 2021 estava em 2% e agora está em 10,75% vai provocar um menor dinamismo da atividade econômica nacional. Quanto maior a taxa, menor o ritmo dos investimentos produtivos. E são os segmentos produtivos, como a Construção Civil, que geram renda e emprego na economia”.
A Construção Civil também preocupa com o avanço dos preços de importantes commodities como minério de ferro, alumínio e cobre. “Há quase dois anos o setor vem sofrendo com a forte elevação nos preços dos seus insumos. Esperávamos que em 2022 esse problema seria amenizado. Mas o cenário atual poderá provocar a continuidade de altas, o que certamente prejudicará o avanço das atividades do setor, destacou Ieda.
Ela também mencionou o impacto que o aumento do preço dos combustíveis gera nas obras de infraestrutura, como terraplenagem, que têm maior utilização de máquinas e equipamentos como tratores e caminhões. “O setor não conseguirá absorver aumentos tão elevados e, por isso, a preocupação aumenta, pois poderá acontecer até mesmo a paralisação de algumas obras”, destacou.
A economista finalizou ressaltando que o momento atual é de incertezas, não só na economia brasileira, mas em toda economia mundial. Em função disso, fica mais difícil a realização de projeções mais assertivas.
Matéria publicada na Agência CBIC