A pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º trimestre de 2022 apontou a expansão de 14,4% em valores vendidos de janeiro a setembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2021. De acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, o dado demonstra o aumento do ticket médio de venda dos imóveis no período, já que o número de unidades vendidas se manteve estável este ano em relação a 2021.
“O aumento do custo dos imóveis mostra que o mercado começou a absorver, no preço, a elevação do custo dos insumos. Isso resultou na redução da venda de imóveis menores e no aumento de imóveis de maior valor”, apontou Martins.
De janeiro a setembro deste ano foram vendidas cerca de 225 mil unidades, o mesmo número dos nove meses do ano passado. Contudo, este ano o mercado movimentou mais de R$ 105 bilhões, já em 2021 o valor geral de venda foi de R$ 92 bilhões, mostrando a expansão de 14,4% no total deste ano. O presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, destacou que essa elevação se confirma com o aumento no preço dos imóveis no período.
“O ticket médio de lançamentos e vendas aumentou bastante, mas mesmo no preço do imóvel, estamos com uma defasagem de praticamente 2% em relação ao INCC (Índice Nacional do Custo da Construção) acumulado. O que pode demonstrar um equilíbrio entre o INCC e preço aparecendo a partir do quarto trimestre deste ano”, apontou.
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais é realizado desde 2016 pela CBIC e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. O trabalho foi divulgado em coletiva de imprensa online nesta quinta-feira (10), com os dados coletados e analisados de 199 municípios, incluindo as 27 capitais. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
Lançamentos
A queda de lançamentos do 3º trimestre de 2022 foi de 17,3%, quando comparado com o mesmo período de 2021. Em relação ao segundo trimestre deste ano, a queda foi menor e chegou a 2,3%. De janeiro a setembro deste ano, a queda acumulada em unidades lançadas foi de 8,5%, em comparação com o ano passado.
Neste trimestre, a região que mais lançou unidades residenciais foi a Sudeste (39.194), entretanto, apresentou 1,2% de queda em relação ao trimestre anterior. A região Sul contou com 11.360 lançamentos e apresentou 9,8% de queda no comparativo com o 2º trimestre. A região Nordeste teve 8.747 unidades lançadas e teve queda de 8,8%. A região Centro-Oeste lançou 4.288 e apresentou queda de 4,5%. A região Norte lançou 3.130 unidades e foi a única a registrar aumento no período (57,6%).
“Com essa elevação do ticket médio, foram lançadas menos unidades, porém, com maior valor. Inclusive, resultando na redução do volume de unidades do Casa Verde Amarela (CVA) e impactando no número de unidades total”, apontou o sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégica, Marcos Kahtalian.
Vendas
De janeiro a setembro de 2022 houve estabilidade no volume de unidades vendidas, com elevação de 0,1%, demonstrando a resiliência do mercado. Segundo Martins, o resultado poderia ter sido melhor se o terceiro trimestre tivesse registrado expansão nos lançamentos, o que não ocorreu. O fato impactou o volume de vendas, refletindo no recuo de 2,9% no número de unidades vendidas no 3º trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior.
“É notável a resiliência em unidades vendidas, pois mesmo tendo menos lançamentos, conseguimos manter uma notável estabilidade de unidades vendidas”, disse o presidente da CBIC.
Apenas as regiões Nordeste e Norte apresentaram alta nas vendas neste trimestre em comparação com o período anterior. O Nordeste teve 13.657 vendas e chegou a 11,4% de aumento em relação ao 2º trimestre. O número de unidades vendidas na região Norte foi de 2.339 e representou uma alta de 9,2%. Centro-Oeste teve cerca de 4.469 vendas e queda de 22,6%. Com queda de 4,6%, o Sudeste teve 36.816 unidades vendidas e o Sul chegou a 13.969 vendas e baixa de 9,1%.
A oferta final teve queda de 1,9% no 3º trimestre em comparação ao trimestre anterior. Com o estoque atual, considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, a oferta final se esgotaria em 10,2 meses, se não houvesse novos lançamentos.
“Nós continuamos muito bem, o que aconteceu nesse trimestre foi o fenômeno de termos aumentado o volume de dinheiro e de financiamento e não o volume de unidades, exatamente pela incapacidade de muitas famílias poderem adquirir imóveis”, apontou Martins.
Geração de emprego na construção
Celso Petrucci lembrou que a construção civil vem crescendo nos últimos oito trimestres e a CBIC revisou o Produto Interno Bruto (PIB) da construção, que deve passar de 3,5% para 6% em 2022. De janeiro a setembro deste ano, o setor gerou um saldo positivo de 283.566 novas vagas com carteira assinada, conforme os dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho.
Matéria publicada na Agência CBIC