O Índice Nacional da Construção Civil fechou 2022 com alta de 10,9% no acumulado do ano, de acordo com dados do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), uma produção conjunta do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Caixa Econômica Federal.
Essa foi a segunda maior taxa registrada desde 2014, mesmo com queda de 7,75 pontos percentuais em relação a 2021 (que chegou a 18,65%). Em 2020, o número ficou um pouco mais baixo, em 10,16%.
O relatório mede o custo nacional para o setor habitacional por metro quadrado, ficando assim divididos com os novos dados, em relação às regiões do país: R$ 1.560,52 (Nordeste); R$ 1.697,69 (Norte); R$ 1.722,72 (Centro-Oeste); R$ 1.735,03 (Sudeste); e R$ 1.761,89 (Sul).
De acordo com Augusto Oliveira, gerente do Sinapi, houve dois momentos distintos em 2022 que refletiram neste alto número dos custos da construção civil. “O primeiro semestre apresentou taxas para a parcela dos materiais ainda próximas das captadas em 2021, com uma desaceleração a partir de agosto, chegando ao final do ano com taxas mais próximas de anos anteriores à pandemia“, explica.
Oliveira também afirma que “a parcela da mão de obra, responsável por aproximadamente 40% do custo das obras, teve, em 2022, influenciada pelos acordos coletivos homologados entre sindicatos patronais e dos empregados, uma maior influência no resultado final, apresentando um acumulado de 12,18%, aproximadamente o dobro do ano anterior”.
E completa: “Como estes acordos levam em conta a perda salarial do ano anterior, inflação do consumidor, e em 2021 o INPC ficou em 10,16%, os índices utilizados para o reajuste das categorias profissionais foram maiores do que em anos anteriores.”
A Covid-19 também é citada por Rodrigo Navarro, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), como sendo um dos principais motivos para a alteração nas taxas. “A pandemia gerou aumentos de custos de matérias-primas e variações de preços de commodities, devido a desequilíbrios globais nas cadeias de suprimentos de diversos setores. A guerra da Ucrânia também contribui negativamente neste cenário.”
Sobre 2022, o executivo cita que, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), “a variação de preços de materiais medida pelo INCC (Índice Nacional de Custo de Construção) indicou não apenas desaceleração, mas já apontou queda nos preços de alguns insumos, como aço, tubos de PVC e condutores elétricos”.
Ainda segundo Navarro, “a Abramat está projetando um crescimento de 2% para as vendas de materiais em 2023, na comparação com o volume de 2022.” O executivo também ressalta o fato de que a FGV aponta que as perspectivas são de desaceleração da alta do custo da construção civil, em direção à inflação esperada.
Matéria publicada no Massa Cinzenta