Leilões de concessão e parcerias público-privadas devem acrescentar mais de R$ 160 bilhões em investimentos privados nas áreas de transporte e saneamento até 2026.
Apesar de os números não serem suficientes para suprir o déficit brasileiro na infraestrutura, a participação da iniciativa privada tem se tornado cada vez mais relevante no segmento.
É o que mostra a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que lançou no início da semana esse levantamento de projetos preparados pelos governos federal e estaduais e pelas capitais brasileiras.
No ano passado, a Abdib calculou que, de 2021 a 2025, as licitações em saneamento e transportes renderiam R$ 113,8 bilhões em investimentos. Agora, para os próximos cinco anos, o número pulou para R$ 160,1 bilhões.
A melhora das perspectivas vai ao encontro do crescimento de projetos de concessões e PPPs gestadas pelo poder público. Com pouco espaço para aplicar recursos públicos na área, os governos têm buscado cada vez mais o bolso do setor privado.
Na área de saneamento, por exemplo, pelo menos mais três Estados (Sergipe, Rondônia e Goiás) aparecem na lista de governos que estudam alguma parceria com a iniciativa privada para prestação de serviços de água, esgoto ou resíduos sólidos.
Dados – O estudo da entidade também confirma outro fenômeno que marca o setor da infraestrutura nos últimos anos: o achamento de recursos públicos disponíveis.
Enquanto a parcela privada de investimentos no setor apresentou um aumento de 14,2% entre 2016 e 2020, a fatia pública caiu de R$ 42,3 bilhões para R$ 26,2 bilhões.
Como a expansão do investimento privado não é suficiente para compensar a "forte retração" do investimento público, há uma contração "substancial" dos investimentos no setor, aponta a Abdib.
"O que preocupa é a queda do investimento público, no menor nível do século, principalmente no que se refere ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)", ressaltou o presidente executivo da Abdib, Venilton Tadini.
Na avaliação do presidente da Abdib, para melhor esse cenário, o Brasil precisaria urgentemente mexer na qualidade dos gastos públicos, uma vez que o espaço do orçamento federal para investimentos é cada vez mais reduzido e tomado pelo custeio da máquina pública.
Matéria publicada na Grandes Construções