A taxa de câmbio, que atingiu o maior patamar desde março deste ano, foi um dos temas principais apresentados pela economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBI), Ieda Vasconcelos.
A taxa se refere ao dólar, que fechou o dia cotado a R$ 5,1690 na venda, em alta de 0,31%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 27 de março deste ano, quando a moeda atingiu 5,2075 reais.
A justificativa da economista para que a moeda voltasse a ultrapassar a casa dos R$ 5 são os juros americanos, que estão entre 5,25% e 5,5%. “É a maior taxa para os Estados Unidos dos últimos 22 anos e ela chegou nesse patamar para combater a inflação americana que está acima da meta inflacionária que é de 2% e se encontra em 3,7%”, explicou Ieda.
Ainda de acordo com a economista, com a alta do dólar, os títulos americanos passam a ser mais atrativos para os investidores. “E com isso, acaba tirando o investimento de países emergentes como o Brasil, que são países que têm o cenário de maior incerteza na economia”, destacou. Com uma taxa de câmbio alta, a inflação brasileira é pressionada a se manter alta como tentativa de atrair investimentos e manter o crescimento econômico do país.
A economista também analisou os últimos resultados do indicador de inflação brasileira, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que teve uma variação de 0,45% em setembro. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,05%. “Todos os três componentes do IGP-DI apresentaram resultados positivos. O Índice de Preços ao Produtor variou cerca de 0,40% e o Índice de Preços ao Consumidor variou 0,27% e até o INCC aumentou, variando 0,34%”, destacou.
Ela explicou ainda que no cenário do consumidor, o combustível foi a principal influência, com um aumento de 2,62%, em comparação com 1,24% na última apuração. Quanto ao Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), os serviços registraram um aumento de 0,52%, em contraste com os 0,25% registrados em agosto.
A economista também detalhou a variação de 0,34% do INCC, que foi a maior desde junho. “Essa elevação decorreu do aumento do custo com materiais, que aumentou 0,18%, mas principalmente do custo com a mão de obra, que aumentou 0,53%, e até mesmo os serviços aumentaram nesse patamar de 0,5%”, pontuou Ieda Vasconcelos.
A saída bilionária das cadernetas de poupança também foi outro tema analisado pela economista, que trouxe dados do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). “Com esse patamar de juros no Brasil, a caderneta de poupança tem perdido sistematicamente recursos. O SBPE já perdeu, de janeiro a setembro deste ano, R$ 72 bilhões. Isso significa que as saídas das cadernetas foram superiores às entradas”, disse Ieda.
Ela explicou que o resultado gera uma grande preocupação no setor da construção, pois ela é uma das fontes principais de financiamento imobiliário. “Menos recurso, menos financiamento imobiliário”, finalizou.
Matéria publicada na Agência CBIC