Em 2020, o desempenho das vendas de imóveis surpreendeu analistas: em um cenário de encolhimento da renda e do emprego, houve o deslocamento das poupanças para o mercado imobiliário. Grande parte dos países assistiu a um boom de vendas catalisadas pelas baixas taxas de juros dos financiamentos.
No Brasil também se registrou crescimento das vendas, a despeito de imobiliárias e estandes de vendas terem que permanecer fechados no período mais crítico da pandemia. Com a alta das vendas e a redução no ritmo de lançamentos, houve ajuste de estoque de uma maneira geral, embora o crescimento não tenha sido uniforme pelo país, com algumas regiões registrando resultados mais expressivos.
Os números do mercado imobiliário em 2021 indicam que esse movimento prosseguiu ao longo do ano e se disseminou mais. O que possibilitou ainda resultados robustos para os lançamentos e vendas no país. Pesquisa realizada pela CBIC mostrou que, até o terceiro trimestre, os lançamentos em um total de 162 cidades haviam crescido 37,6% e as vendas, 22,5% na comparação com igual período de 2020. Em relação a 2019, a alta é de 24,6% e 42,3%, respectivamente.
O mercado de São Paulo impulsionado também por alterações no Plano Diretor anteriores à pandemia tem sido um dos principais destaques desse movimento. A pesquisa do Secovi-SP aponta que até novembro houve alta de 68% nos lançamentos e de 27% nas vendas, na comparação com o mesmo período de 2020.
Vale ressaltar a importância que teve o crédito habitacional nesse desempenho. Em agosto de 2021, as taxas de juros das contratações alcançaram um piso histórico e o montante financiado no ano atingiu novo recorde. Em12 meses até novembro, o volume financiado com recursos da poupança atingiu R$ 206,1 bilhões, o que representou 857,5 mil Unidades Habitacionais (UH).
Esses recursos se somam às contratações do FGTS, que corresponderam a um volume de R$ 49,2 bilhões e a 366,6 mil UH em todo o ano de 2021. O sinal de alerta já veio nos últimos meses do ano: houve uma piora do cenário macroeconômico, que deverá ter reflexos importantes sobre a dinâmica que prevaleceu em boa parte do ano.
De fato, as empresas terão em 2022 um cenário bastante diverso do que prevaleceu no ano passado – taxas de juros mais altas, imóveis mais caros, alto endividamento das famílias e perspectivas desafiadoras para o mercado de trabalho e renda das famílias. Ou seja, sustentar o ciclo de negócios dos dois últimos anos será muito mais difícil.
Leia a íntegra do ConstruCarta Nível de Atividades elaborado pelo FGV/Ibre para o SindusCon-SP aqui.
Matéria publicada no Sinduscon-SP