A Global Cement and Concrete Association (GCCA) – Associação Global de Cimento e Concreto – anuncia que as indústrias responsáveis por 80% da produção de cimento nos países ocidentais chegaram a um acordo sobre as 7 principais metas a serem alcançadas em 2050, a fim de que o setor zere a emissão de carbono no processo de fabricação do insumo.
Para obter emissão zero é necessário compensar o CO2 emitido. Assim, os objetivos para se chegar ao 100% de compensação são os seguintes:
1. Eliminar 22% das emissões
2. Aumentar em 11% a eficácia na produção de cimento
3. Melhorar em 9% o desempenho do cimento e os demais ligantes na produção de concreto
4. Descarbonização do clínquer em 11%
5. Capturar e armazenar no concreto 36% do CO2
6. Elevar em 5% a transição para energias renováveis
7. Reduzir em 6% a carbonatação natural do concreto armado
O acordo entre as cimenteiras ocidentais foi divulgado dia 12 de outubro de 2021, em Londres-Inglaterra, semanas antes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, que acontece até dia 12 de novembro em Glasgow-Escócia. O documento não foi assinado pelas cimenteiras chinesas, mas a China National Building Material – organismo que regulamenta a produção de cimento no país – prometeu tomar medidas para mitigar a emissão de CO2 de sua indústria.
A Global Cement and Concrete Association definiu as metas como “um passo importante para eliminar a pegada de CO2 do concreto”. O documento, que leva o nome de “Concreto Net Zero em 2050”, também tem entre suas cláusulas o compromisso do setor de reduzir em mais de 25% as emissões de CO2 até 2030. A GCCA reúne cimenteiras da Europa, das Américas do Norte, Central e Sul, da África e da Ásia.
O CEO da GCCA, Thomas Guillot, fala da importância do acordo. “A cooperação global na descarbonização de concreto é uma necessidade, já que os países que estão desenvolvendo sua infraestrutura e habitações serão os maiores usuários de concreto nas próximas décadas”, diz. Guillot também pediu a parceria dos governos para ajudar no cumprimento das metas. “Precisamos do apoio deles para mudar a regulamentação que limita o uso de materiais reciclados e impede a transição para uma economia circular e de baixo carbono”, completa.
À COP-26, Brasil informa que tem a indústria cimenteira menos agressiva do mundo
No Brasil, o SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) e a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) enviaram documento à COP-26 mostrando que no país o setor é um dos menos agressivos do mundo. “Dentre as iniciativas promovidas pelas empresas estão o uso de matérias-primas alternativas (fíler calcário, escórias siderúrgicas e cinzas de termelétricas, por exemplo) e de combustíveis alternativos, tais como biomassas, resíduos industriais, comerciais e domésticos, pneus, entre outros. Essas ações elevaram o Brasil à condição de referência global como o país que menos emite CO2 por tonelada de cimento produzida no mundo”, afirma o relatório enviado a Glasgow.
Enquanto a indústria de cimento global responde por 7% da emissão de CO2, no Brasil o setor emite apenas 2,3% do volume de gás carbônico lançado na atmosfera, segundo dados do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal. Segundo o presidente do SNIC e da ABCP, Paulo Camillo Penna, a indústria cimenteira nacional tem a meta de reduzir em 33% suas emissões até 2050. “Isso evitará a emissão de 420 milhões de toneladas de CO2 e implicará na redução da intensidade carbônica do cimento brasileiro de 564 quilos por tonelada para 375 quilos por tonelada, tornando-se a menor do planeta”, afirma.
Matéria publicada no Massa Cinzenta